(dr) pcp.pt
Bernardino Soares, Presidente da Câmara de Loures
A Câmara Municipal de Loures, liderada pelo comunista Bernardino Soares, concedeu, desde 2015, seis contratos a uma empresa do genro do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, que ascendem a um total de 150 mil euros. O partido já reagiu, negando qualquer favorecimento.
A notícia, avançada esta quinta-feira pela TVI, precisa que se tratam de cinco contratos por ajuste direto e um outro por concurso junto da autarquia. Segundo a investigação da jornalista Ana Leal, um dos valores contratados ao genro do líder comunista, Jorge Bernardino, é superior ao vencimento do próprio presidente de Loures.
Só no último contrato, relativo aos últimos meses de 2018, Jorge Bernardino chegou a faturar 11 mil euros mensais por trabalhos de limpeza e manutenção de paragens de autocarros e mupis publicitários na zona de Loures, denuncia a TVI, dando conta que em novembro desse ano esse mesmo valor foi pago ao genro de Jerónimo de Sousa que se terá limitado a mudar oito lâmpadas e dois casquilhos.
A reportagem explica ainda que os valores contratados foram subindo a cada nova assinatura, chegando a empresa uni-pessoal de Jorge Bernardino a receber mais de 22 mil euros por dois meses de trabalho – que perfaz os 11 mil euros mensais acima referidos.
O presidente da Câmara de Loures, em declarações à TVI, considerou que os valores pagos pela autarquia são “os preços de mercado”. “A lei não nos permite excluir pessoas, nem nós queremos excluir pessoas, ou empresas porque têm qualquer relação familiar com qualquer pessoa das nossas relações”, explicou Bernardino Soares.
Jorge Bernardino é casado com a filha de Jerónimo de Sousa, Marília de Sousa, e estava desempregado há três anos. Antes dos contratos celebrados com a autarquia de Loures, o Jorge Bernardino tinha trabalhado num talho, numa florista e num supermercado.
Ouvidos no âmbito da reportagem da TVI, Jerónimo de Sousa e Bernardino Soares negaram qualquer favorecimento. O líder do PCP disse apenas que “não se usa a família como arma de arremesso seja para quem for”.
Também o PCP, através de comunicado, reagiu à reportagem da TVI, escrevendo que o conteúdo divulgado constituiu “uma abjeta peça de anticomunismo sustentada na mentira, na calúnia e na difamação”, acusando aquele canal de televisão de sucumbir à “mercenarização do papel jornalístico”.
Para os comunistas, a TVI “parece ter adotado como critérios editoriais a opção pela especulação e insulto gratuito a par da conhecida promoção da extrema-direita e da reabilitação de Salazar e do regime fascista“, pode ler-se na nota do PCP.
“A insidiosa invocação da relação entre uma empresa e as relações familiares do Secretário-Geral do PCP só pode ser vista como uma gratuita provocação. (…) Aqueles que, como a TVI, pensam que com o silenciamento, a difamação e a perseguição podem calar o PCP estão profundamente enganados”, aponta ainda o partido.
SA, ZAP //
Fonte: ZAP