Os astronautas de uma futura viagem a Marte estarão expostos, na ida e volta ao planeta vermelho, a cerca de 60% do total de radiação recomendada para toda a sua carreira profissional, revelou um novo estudo.
A Agência Espacial Europeia (ESA) chegou a esta conclusão, que apresentou no Congresso Europeu de Ciências Planetárias que está a decorrer esta semana em Berlim, após analisar dados recolhidos por satélites da missão ExoMars, um projeto em que também participa a agência espacial russa Roscosmos. A pesquisa foi publicada esta quinta-feira.
No espaço, sem o forte campo magnético da Terra e sem atmosfera, o incessante bombardeamento de raios cósmicos “tem o potencial de causar sérios danos aos humanos”, indicou a ESA, em comunicado.
Esta exposição, muito maior do que a dos astronautas que trabalham na Estação Espacial Internacional, eleva o risco de cancro, além de deixar sequelas no sistema nervoso central e provocar enfermidades degenerativas.
A radiação cósmica é composta por partículas incrivelmente minúsculas que se movem de forma incrivelmente rápida, quase à velocidade da luz – um tipo de fenómeno que o corpo humano não preparado para suportar.
Tal como nota o Space.com, esta radiação viaja em todo o espaço mas a atmosfera da Terra protege-nos do pior dos seus impactos. Ou seja, quanto mais nos afastamos da superfície da Terra, mais radiação cósmica o nosso corpo absorverá.
“Um dos fatores básicos na planificação e desenho de uma missão tripulada de longa duração a Marte é calcular os riscos derivados da radiação”, explicou Jordanka Semkova, da Academia de Ciências búlgara.
Os riscos estão calculados, mas os valores são preocupantes. A viagem por si só exporá os astronautas a 60% da radiação recomendável e, o objetivo de visitar o Planeta Vermelho deve incluir um período, ainda que curto, na sua superfície – de preferência, sem sobre-dosagem na radiação.
A radiação não é o único o problema que os astronautas poderão vir a enfrentar numa futura viagem. Os desafios multiplicam-se desde de a própria viagem, passando pela nave e chegando às propriedades do próprio planeta.
Recentemente, uma tempestade de areia cobriu Marte por completo, levando à suspensão da Opportunity, o rover da NASA que está “adormecido” há mais de três meses. O robô está em Marte desde 2004. Inicialmente, foi concebido para durar apenas 3 meses, mas continuou a operar durante quase 15 anos.