As sementes que estão a chegar a casa de pessoas que não as encomendaram podem não passar de uma estratégia comercial, sem qualquer intenção de bio-terrorismo. Contudo, estas sementes podem, mesmo assim, ser prejudiciais para a Saúde Pública e para o ambiente.
O alerta é lançado pela sub-directora da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), Paula Carvalho, em declarações à Rádio Renascença.
O Ministério da Agricultura já avisou que quem receber estas sementes pelo correio não as deve semear, nem deitar para o lixo. O organismo apela a que lhe sejam enviadas.
Paula Carvalho reforça aquela ideia, notando que as sementes podem trazer “uma praga, uma doença” ou “ter características invasoras” que possam “causar problemas ao nosso ambiente normal”.
A sub-directora da DGAV descarta a ideia de que resultem de “uma intenção de bio-terrorismo”, defendendo antes que “será apenas uma questão comercial”.
Em causa pode estar, segundo esta responsável, o chamado “‘brushing’”, com empresas de vendas online a tentarem “ludibriar o sistema no sentido de conseguirem aumentar a sua cotação, a sua alta classificação da satisfação dos clientes“.
“As empresas de venda online têm uma cotação, há uma avaliação dos seus clientes relativamente à satisfação das suas vendas. Isto implica um sistema, uma plataforma electrónica que gere essas votações”, analisa Paula Carvalho na Renascença.
Com o envio das sementes por correio, “estas empresas de comércio electrónico estão a tentar ludibriar esse sistema enviando elas próprias as encomendas sem serem solicitadas”, constata.
A aposta em sementes justifica-se pelo facto de serem um tipo de “material leve” que acarreta “custos de transporte reduzidos”, diz ainda a sub-directora da DGAV.
“Quem está a receber não fez nenhuma encomenda e recebe um pacote que geralmente tem uma embalagem que refere uma joia, um relógio, outra coisa. Ao abrirem, têm uns pacotinhos de sementes em pacotinhos pequeninos de plástico“, acrescenta Paula Carvalho.
A sub-directora da DGAV esclarece também que estão a chegar “sementes de várias espécies diferentes“, nomeadamente de citrinos e de ‘jacinto-de-água’ que “é uma espécie invasora que preocupa bastante”.
Fonte: ZAP