Enterrados na vegetação da Caatinga, no nordeste do Brasil, investigadores descobriram um vasto conjunto de cerca de 200 milhões de termiteiras, que cobre uma área do tamanho da Reino Unido.
Uma das maiores e mais estranhas estruturas de engenharia da Terra está quase completamente escondida do mundo – a menos que saiba onde procurar por ela. Enterrados na vegetação no nordeste do Brasil, os cientistas descobriram a verdadeira escala de um vasto conjunto de cerca de 200 milhões de termiteiras.
O que é surpreendente sobre este enorme complexo de terra dispersa, com uma área quase 3 vezes maior do que Portugal – além do seu grande volume, estimado em 10 quilómetros cúbicos de solo – é como tão poucas pessoas parecem ter conhecimento da sua existência.
O biólogo Roy Funch, da Universidade Estadual de Feira de Santana, notou pela primeira vez os misteriosos montes no início da década de 1980.
“Alguns locais achavam que eram formados por térmitas, formigas ou alguma dessas criaturas”, disse Funch. “Mas, para muitos, eram formações naturais, feitas por Deus, que sempre existiram, já que a pecuária e a agricultura de pequena parcela não deixavam muito tempo para especulação.”
Funch divulgou um artigo sobre os montes em 2015, mas foi apenas num novo estudo, publicado a 19 de novembro na revista Current Biology, que a extensão total desta enorme metrópole foi descoberta.
Em 2015, Funch estimou que havia cerca de 90 milhões de montes, consistindo no volume de cerca de 900 Grandes Pirâmides de Giza, e chamou a estrutura de “indiscutivelmente o maior exemplo de biopedoturbação de insetos e engenharia de ecossistemas em escala de paisagem já registada”.
As novas investigações de Funch sugerem que há cerca de 200 milhões de montes representando aproximadamente 4 mil grandes pirâmides em volume e têm cerca de 4 mil anos de idade.
Uma pegada tão grande significa que pode ser visto facilmente através de imagens de satélite. “As termiteiras ocupam uma área aproximadamente equivalente à Grande Barreira de Corais – um feito de bioengenharia de múltiplas espécies”, explicou Funch, “mas os montes que analisamos são construídos por uma única espécie de térmita – Syntermes dirus“.
De acordo com a equipa, que analisou as estruturas do ar e no solo, os 200 milhões de pilhas são constituídas por uma enorme rede de túneis subterrâneos, que permite que as térmitas cheguem facilmente à superfície para aceder à sua fonte de alimento: folhas.
Amostras de solo retiradas de alguns dos montes revelam que foram preenchidas entre 690 a 3.820 anos atrás, tornando-as tão antigas quanto as termiteiras mais antigas do mundo, em África.