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Em 1987, a inclinação anti-gravidade protagonizada por Michael Jackson durante o videoclip de “Smooth Criminal” foi tão sensacional que todos acreditaram que eram efeitos especiais. Mas o cantor repetiu o movimento impossível em concertos ao vivo. Agora, finalmente, a ciência explica o “truque” (mas também a extraordinária mestria do Rei da Pop).
Um grupo de médicos norte-americanos decidiu analisar, com a lupa científica, esse famoso movimento anti-gravidade de Michael Jackson, 31 anos depois de ter sido um sucesso com o lançamento do videoclip de “Smooth Criminal”.
A conclusão da investigação publicada no Journal of Neurosurgery: Spine, revela que Michael Jackson usava um misto de força física e um truque quase rudimentar – sapatos com presilhas especiais que seguravam o calcanhar do cantor no chão.
“Os bailarinos mais treinados, com muita força concentrada no abdómen, conseguem uma inclinação de 25 a 30 graus no máximo. Michael Jackson faz um movimento de 45 graus que desafia a gravidade e parece sobrenatural para qualquer espectador”, explica o médico Manjul Tripathi, do Instituto de Pós-Graduação de Educação Médica e Pesquisa em Chandigarh, na Índia, em declarações citadas pela BBC.
A equipa liderada por Tripathi, que é formada por neurocientistas especializados na coluna vertebral, estudou em detalhe o movimento, para perceber como é que o Rei da Pop conseguiu concretizá-lo.
Misto de truque e de habilidade
Uma pessoa comum que tente imitar o movimento notará que a maior parte da tensão feita, para conseguir a inclinação, está no tendão de Aquiles e nos tornozelos, em vez de estar nos músculos que sustentam a coluna.
Isto permite apenas um grau muito limitado de inclinação para a frente, mesmo para alguém que tenha capacidades atléticas semelhantes às do próprio Michael Jackson, explica à BBC um dos investigadores envolvidos na pesquisa.
Mas para conseguir a incrível inclinação de 45 graus, o cantor não contou apenas com a sua força e as suas célebres habilidades de dança e de controlo corporal. Parte do truque estava em sapatos adaptados para permitirem a fixação do calcanhar ao solo.
A abertura de uma fenda em forma de “V” em cada um dos saltos das solas possibilitou encaixar os sapatos numa espécie de engate no chão, permitindo ao bailarino girar e inclinar-se mais para a frente, para concretizar o movimento que desafia a gravidade.
Antes da invenção do calçado patenteado, Michael Jackson chegou a utilizar cabos de suporte com um aro em volta da cintura, para criar a ilusão da inclinação.
Depois, com a ajuda de dois colegas de Hollywood, inspirou-se nas botas dos astronautas norte-americanos que podem ser acopladas a um trilho fixo, quando caminham em gravidade zero.
Mas, mesmo com calçados especialmente projectados para o efeito e com o apoio do engate referido antes, o movimento é incrivelmente difícil de concretizar, exigindo muita força no tronco, nos músculos das costas e nos membros inferiores, concluíram os médicos.
“Vários fãs de Michael Jackson, incluindo os autores da pesquisa, tentaram copiar este movimento e falharam, magoando-se muitas vezes durante os seus esforços”, alertam, quase ironicamente, os investigadores.
“As hipóteses de lesão no tornozelo são significativas“, avisa ainda Tripathi, realçando que é preciso ter “músculos fortes e um bom apoio em redor do tornozelo”, pois não se trata de “um truque simples”.
Apesar das dificuldades, há quem tenha conseguido replicar com alguma mestria – embora não com a mesma surpreendente inclinação – o movimento anti-gravidade de Michael Jackson, e que até explica, com um tutorial, como se pode conseguir.
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