Uma alga rosada que cresce em águas tropicais temperadas pode vir a ser uma enorme ajuda para combater as alterações climáticas.
De acordo com o Science Alert, investigadores australianos estão a tentar encontrar uma forma de produzir em massa — mas de forma sustentável — a Asparagopsis taxiformis, uma vez que há, cinco anos, um estudo mostrou que esta alga quase anulou por completo a libertação de metano expelido pelas vacas.
“Quando adicionado à ração, mesmo que seja a menos de 2% desta, a alga elimina completamente a produção de metano. A alga contém substâncias químicas que reduzem os micróbios nos estômagos das vacas que as fazem arrotar quando comem erva”, explica o biólogo de aquacultura Nick Paul, da Universidade de Sunshine Coast, citado num comunicado.
Paul foi um dos membros da equipa australiana que, em 2014, analisou 20 diferentes espécies de macroalgas tropicais para identificar se alguma conseguiria reduzir a produção de metano libertada pelo gado. Das candidatas testadas, a A. taxiformis revelou ser a mais eficaz, inibindo 98,9% da produção de metano dos animais após 72 horas.
Tal como recorda o site, embora o metano represente uma fonte global muito menor de poluição atmosférica do que o dióxido de carbono (CO2), o seu potencial de retenção de calor torna-o muito mais prejudicial do que o CO2, especialmente a curto prazo.
Ao longo de 100 anos, o metano atmosférico é cerca de 28 vezes mais eficaz na captura de calor do que o CO2 e, num período de 20 anos, estima-se que seja ainda 100 vezes pior.
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Com isso em mente — e com o facto de o gado ser responsável por cerca de 14,5% de todas as emissões antropogénicas de gases de efeito estufa (65% dos quais se devem ao gado bovino) – fica então claro que esta pode vir a ter um papel fundamental.
O desafio agora é perceber como aumentar a produção e o crescimento destas algas, de forma a que consigam alimentar as vacas de toda a Austrália e, a longo prazo, de todo o mundo.
“Esta alga despertou interesse global e pessoas em todo o mundo estão a trabalhar para garantir que as vacas sejam saudáveis e que a carne e o leite sejam de boa qualidade. A única coisa que falta, e que vai fazer com que isto funcione à escala global, é garantir que podemos produzir as algas de forma sustentável“, afirma Paul.
Com esse objetivo, Paul e a sua equipa estão a tentar encontrar ótimas condições de crescimento das algas, estudando o seu crescimento em grandes tanques de aquacultura ao ar livre, enquanto também investigam maneiras de maximizar a concentração dos compostos químicos ativos das algas.
Uma das dificuldades é descobrir como fazer com que uma alga se torne algo semelhante a uma safra agrícola que pode ser colhida noutros tipos de ambientes.