A portuguesa Ana Filipa, musa da Escola de Samba Unidos da Tijuca, no Rio de Janeiro, revelou
à nossa reportagem a magia do desfile com enredo místico sobre Portugal neste Carnaval
2024.
A Unidos da Tijuca, distinta escola do grupo especial do carnaval carioca, encantou a Marquês
de Sapucaí com um enredo que destacou Portugal. Sob o título “O Conto de Fados”, a
agremiação promoveu uma abordagem única, conforme ressalta Ana Filipa, membro
integrante da agremiação há 13 anos e uma experiente passista.
“Não é sobre contar a história de Portugal. É sobre contar a história um pouco relacionada a
esses de onde originaram as lendas e até alguns mistérios durante fases da história”, disse Ana
Filipa, que partilhou as suas expetativas com enorme entusiasmo sobre um desfile único,
destacando a emoção de associar as lendas retratadas em Portugal durante a sua infância com
a representação da Unidos da Tijuca.
“É emocionante para mim poder olhar para a minha escola e associar com aqueles contos e
lendas que eu via sendo retratados lá em Portugal na época de escola e contados”, frisou.
Presidida pelo português Fernando Horta, a agremiação carioca Unidos da Tijuca, com sede no
Rio de Janeiro, tem conquistado títulos e reputação notáveis no universo do carnaval. O
enredo “O Conto de Fados” traz o fado, género musical tradicional português, não apenas
como uma expressão musical, mas como um elemento simbólico relacionado ao destino e à
sorte.
“A palavra fado está relacionada com destino, com sorte. Então, é mais por aí que o enredo
aborda, faz uma abordagem diferenciada”, explicou.
O professor Rodrigo Wieler, especialista em Literatura e Arte, reforça a homenagem ao fado
como parte integral da cultura portuguesa.
“O fado é, por excelência, a música símbolo de Portugal. Altamente sentimental e emotivo,
todo fado é também uma narrativa, que relata histórias cotidianas de amor, sofrimento e
esperança”, afirmou.
De acordo com Wieler, a escolha do fado como fio condutor do desfile é uma forma de
celebrar uma das características culturais lusitanas mais marcantes, especialmente a sua
produção musical, até porque o ritmo “influenciou diversos artistas portugueses de épocas
diferentes, como os escritores Camões, Camilo Castelo Branco e Fernando Pessoa, que
abordaram, cada um à sua maneira, a aflição amorosa, a espera, os desajustes das relações e a
saudade.”
O enredo mergulhou na história portuguesa desde os tempos antigos, abordando mitos e
lendas que remontam à Grécia Antiga. A influência árabe na Península Ibérica, abrangendo
arquitetura, música e língua portuguesa, é também destacada no desfile.
Grandes navegações, que transformaram Portugal numa potência marítima nos séculos XVI e
XVII, também são exploradas num desfile em que Ana Filipa, enquanto musa, nota que “é uma
responsabilidade muito grande em cima de uma pessoa.”
Com a expetativa de voltar às campeãs, a Unidos da Tijuca preparou-se para encantar o
público com um desfile que não apenas celebra o carnaval, mas também homenageia a rica
herança cultural de Portugal.
“A escola está muito bonita. Eu já visitei o Barracão. A escola está lindíssima. Para mim, é
emocionante”, afirmou Ana Filipa sobre um evento em que a Unidos da Tijuca desembarca na
avenida para falar de Portugal e as suas lendas num Carnaval onde a destacada escola de
samba “vai fazer uma abordagem sobre Portugal, mas uma abordagem mítica e mística”.
Ígor Lopes