Nos primeiros três meses do ano, a subida do preço das casas fez-se sentir em todos os concelhos do continente sem exceção. Odivelas, Leiria e Oeiras juntaram-se aos que mais valorizaram.
Este é o segundo trimestre consecutivo de valorização geral, mas a ordem de grandeza do agravamento do preço mostra que as zonas de mais interesse de quem quer comprar casa estão a diversificar-se, chegando mesmo à periferia das grandes cidades.
Dados da Confidencial Imobiliário, com base no índice de preços residenciais, citados pelo Diário de Notícias, mostram que Cascais e Lisboa se mantêm como os dois concelhos onde o preço das casas teve maior subida homóloga.
No entanto, os dados mostram também que, enquanto no último trimestre de 2017 apenas estes dois concelhos e o Algarve estavam no top 15 das maiores valorizações, agora o Algarve cedeu terreno a outras áreas.
O Porto entrou neste top 15, devido ao facto de o aumento do preço das casas ter começado a alargar-se para outras zonas da cidade que não o centro histórico. Esta tendência não apareceu este ano, mas está a agravar-se, graças à retoma da procura interna por habitação “tradicional”.
“Até 2017, a procura de imóveis foi muito motivada pelo mercado turístico ou pelos ativos de luxo por parte dos investidores”, explica ao DN Ricardo Guimarães, diretor da Ci. Uma dinâmica que ajudou a que as valorizações deixassem de estar concentradas nos centros históricos.
“A grande mudança estrutural está no facto de começarem a surgir concelhos mais periféricos. Há geografias que começam a ter visibilidade para quem quer comprar casa, seja para a habitar seja para a arrendar”, salienta.
Isto explica que zonas como Vila Nova de Famalicão ou Odivelas – zonas que não são dominadas pela procura para fins turísticos – surjam entre os concelhos com maiores valorizações.
Subida expressiva, mas preços abaixo de 2007
Enquanto que no último trimestre do ano passado, o índice Confidencial Imobiliário assinalou valorizações homólogas entre 0,5% e 20% nos 278 concelhos de Portugal continental para os quais estão disponíveis dados com relevância estatística, nos primeiros três meses deste ano as taxas de crescimento homólogo oscilaram entre 3% e 35%.
Ainda assim, se compararmos estes valores com os de 2007, ano em que o crédito começou a apertar e os preços a cair, a valorização do mercado tem ainda caminho a percorrer, isto apesar dos preços já superarem, em algumas zonas, os patamares de antes da crise.
Contudo, esta realidade não é generalizada a todo o país. Os dados mostram que em 91% dos concelhos os preços ainda se mantém abaixo dos níveis pré-crise, restando apenas 25 com evolução positiva face a 2007.
Ricardo Guimarães sublinha que, “se tivermos em conta a média de preços, estes continuam abaixo de 2007”. E acrescenta que há, no entanto, zonas nas quais as casas “subiram para patamares de valores” fora do alcance das famílias.
Fonte: ZAP