Pode ser más notícias para os amantes de vinho e cerveja. Um novo estudo internacional confirmou o que pesquisa anteriores já tinham revelado: não existe um nível seguro para o consumo de álcool.
Os investigadores admitem que beber álcool de forma moderada pode proteger contra doenças cardíacas, mas sugerem que o risco de desenvolver cancro ou outras complicações de saúde se sobrepõe ao benefícios.
De acordo com os autores do estudo, publicado nesta quinta-feira na revista The Lancet, estas são as descobertas mais significativas realizadas até então, devido à variedade de fatores que foram avaliados durante a pesquisa.
O estudo analisou os níveis de consumo de álcool e os seus efeitos sobre a saúde em 195 países entre 1990 e 2016. Na pesquisa, que contou com participantes dos 15 aos 95 anos, os investigadores compararam pessoas que não bebem álcool com consumidores assíduos.
As conclusões indicam que dos 100 mil participantes que não bebem, 914 apresentaram problemas de saúde relacionados com o consumo de álcool ou sofreram alguma lesão.
Já os participantes que bebem diariamente – cerca de 10 gramas de álcool puro – apresenta um risco 0,5% maior, comparativamente aos que não bebem. Quando o consumo atinge as duas doses diárias, o risco sobe para 7%. Com 5 doses, o risco é 37% maior.
“Estudos anteriores identificaram um efeito protetor do álcool em relação a algumas condições de saúde, mas descobrimos que os riscos associados ao consumo de álcool aumentam com qualquer quantidade consumida”, explicou Max Griswold, autora principal do estudo, da Universidade de Washington, nos EUA.
Sonia Saxena, investigadora do Imperial College London, no Reino Unido, recorda ainda que a maioria das pessoas não bebe apenas uma dose diária.
“Nível seguro”
Sonia Saxena sublinha este estudo é o mais importante já realizado sobre o tema. “Este estudo vai mais além de outros ao levar em conta uma série de fatores, incluindo as vendas de álcool, dados sobre a quantidade de álcool ingerida, abstinência, informações sobre turismo e taxas sobre comércio ilegal e cervejarias artesanais”, explica.
Estima-se que em todo o mundo uma em cada três pessoas consuma álcool – responsável por quase um décimo da mortalidade entre os 15 e os 19 anos.
Já David Spiegelhalter, cientista da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, divulgou uma nota de advertência relativamente ao estudo publicado: “Tendo em conta o prazer associado ao consumo de álcool ainda que moderado, dizer que não há um ‘nível seguro’ não parece um argumento para a abstenção”, considera.
“Não há um nível seguro para conduzir, mas o Governo não recomenda que as pessoas não o façam. Devemos refletir um pouco sobre a questão. Não existe um nível seguro para viver, mas ninguém recomenda que desistamos de viver” concluiu.