O candidato à liderança do PSD fez uma análise “mais negativa do que positiva” do primeiro debate com Santana Lopes, mas assegurou que irá manter a sua estratégia para não desprestigiar o partido.
“Vivemos uma época de um certo desprestígio da classe política, tenho consciência de que, se na primeira parte do debate tenho entrado da mesma forma que o meu adversário, teria sido o descalabro em termos de prestígio, teria prejudicado o partido e teria desrespeitado até o cargo a que ambos nos estamos a candidatar”, afirmou Rui Rio, em declarações aos jornalistas, à entrada para um jantar com militantes em Terrugem, Sintra.
O candidato e ex-autarca do Porto disse esperar que Santana Lopes “não volte a cair no erro” de entrar num debate que classificou de “ataques pessoais”, de “meias verdades e até mentiras”.
“Todas as meias verdades são piores que mentiras”, afirmou, sublinhando que também sabe fazer “este tipo de truques” mas não entrará por esse caminho nos próximos debates, marcados para dia 10, na TVI, e dia 11, organizado em conjunto por Antena Um e TSF.
Questionado se irá manter a sua estratégia, Rio respondeu que sim: “Vou, apesar de haver muitas pessoas que me pedem ‘faz-lhe o mesmo’, e não é difícil fazer o mesmo“.
“Os ataques pessoais desprestigiam ambas as partes. Imagine que alimentava isto no próximo debate, onde ficava o prestígio do PSD? Correu bem ao PS que trocou de líder porque ganhava por poucochinho e acabou a perder as eleições, é este o exemplo que devemos seguir? Eu acho que não”, afirmou, referindo-se à disputa interna entre António José Seguro e António Costa.
Sobre quais os temas que considera essenciais para os próximos debates, Rio apontou o futuro do PSD e do país mas admitiu que não considera ser esse o formato ideal para esclarecer os militantes e os portugueses.
“Com toda a sinceridade, os esclarecimentos fazem-se através de entrevistas e sessões com militantes, o debate tende sempre a um certo espetáculo. Ainda assim, como é um espetáculo que faz parte das eleições, vamos todos ao debate”, afirmou.
No jantar, Rio declarou aos militantes: “Não vão contar comigo nunca e vou resistir até ao limite de transformar esta campanha numa coisa mais baixa de ataques pessoais que só vão contribuir para desprestigiar mais ainda quem anda na política”, afirmou.
O ex-autarca do Porto aproveitou ainda para responder a uma crítica que lhe foi dirigida pelo seu adversário no debate, em relação à sua moção de estratégia global.
“Ao contrário do que dizem e do que disseram ontem não é uma moção a dizer mal de ninguém, nem a dizer mal do PSD, só está a querer o bem do país com ideias positivas e ideias para o futuro”, afirmou.
Santana acusa Rio de privilegiar palcos televisivos
Ontem à noite, Santana Lopes também acusou o seu “adversário” de “privilegiar os palcos televisivos” à discussão com os militantes e criticou os “constantes ataques” feitos ao seu passado.
“É muito fácil criticar o passado dos outros quando se tem muito passado e pouca coisa que possa ser falada”, afirmou Santana Lopes, num debate com militantes em Cascais.
“É verdade que fiz algumas coisas erradas, mas sou um ser humano. Sobre o meu passado já se debateu muito. Agora é tempo de debater o presente e o futuro”, argumentou.
O também antigo presidente das câmaras municipais da Figueira da Foz e de Lisboa acusou Rui Rio de querer privilegiar os palcos televisivos à discussão com os militantes”.
O primeiro debate entre os candidatos à liderança do PSD decorreu na quinta-feira à noite em tom duro, com constantes referências ao passado, com Santana Lopes a desafiar Rui Rio a esclarecer a que “trapalhadas” se referiu numa entrevista sobre o seu mandato como primeiro-ministro e a acusá-lo de ser siamês de António Costa e de atacar mais o partido do que o PS e o Governo.
Na resposta, Rio voltou criticar o desempenho de Santana à frente do Governo entre 2004 e 2005: “O que estamos a escolher é o líder do PSD cujo objetivo é ser primeiro-ministro do pais. O dr. Pedro Santana Lopes teve um exercício como primeiro-ministro que correu manifestamente mal, se o candidato a primeiro-ministro for Santana Lopes todas essas fragilidades voltam ao de cima”, afirmou.
O PSD escolherá o seu próximo presidente a 13 de janeiro em eleições diretas.
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