No ano passado, a NASA tinha anunciado que ia enviar para o espaço voluntários para descobrirem como se pode ter bom sexo no espaço. Isto a pensar na hipótese de a humanidade se querer reproduzir e colonizar outros planetas.
Agora, um grupo de cientistas da agência espacial disse querer descobrir se é possível a reprodução humana no espaço, em ambiente de gravidade zero, enviando esperma, de forma a analisar o seu comportamento em contexto de microgravidade.
Assim sendo, de acordo com o Futurism, na semana passada, a NASA enviou amostras de esperma humano para a Estação Especial Internacional na última viagem do Falcon 9.
Se à primeira vista parece estranho que a NASA esteja a enviar este tipo de material para o espaço, basta pensar as questões relacionadas com a reprodução humana no espaço estão a começar a ganhar cada vez mais pertinência numa altura em que surge mais interesse em aumentar a presença da humanidade fora do planeta, para perceber que é o passo lógico a dar.
À medida que as missões com humanos se tornem cada vez mais longas – e os planos para enviar humanos para o planeta vermelho implicam viagens de meses – e em que se multiplicam ideias de criar colónias permanentes em ambiente de gravidade zero, falar sobre sexualidade no espaço torna-se cada vez mais incontornável.
Na prática, a Missão Micro-11 consiste em observar o comportamento de esperma humano e de touro e verificar se os espermatozóides se conseguem movimentar de forma livre e veloz o suficiente para se fundirem com o óvulo dentro do espaço de microgravidade da Estação Internacional, apesar de não haver qualquer óvulo envolvido nesta experiência.
Depois, os cientistas vão recongelar o esperma e enviá-lo de volta à Terra, onde outra equipa de cientistas irá usar tecnologia semelhante à fertilização in vitro para testar a sua capacidade de reprodução.
Esta não é a primeira vez que o comportamento de esperma é estudado no espaço. Em 2017, a NASA fez experiências com esperma de rato e concluiu que o mesmo conseguiu sobreviver, congelado, durante uma viagem de 9 meses até à Estação Espacial Internacional, conseguindo produzir ratos saudáveis quando voltou à Terra.
Em 1998, também foi demonstrado que os invertebrados aquáticos conseguem reproduzir-se no espaço, designadamente, caracóis e pulgas de água.
Esta nova experiência é de grande importância uma vez que os cientistas têm provas de anteriores experiências de que a falta de gravidade pode não afetar a “lberdade” do esperma, mas constitui um desafio maior para conseguir que os espermatozoides se fundam como óvulo.
De acordo com o site da NASA, “atrasos ou problemas neste ponto podem impedir a fertilização no espaço”.
Mesmo que se conclua que os espermatozóides humanos são suficientemente eficientes para se fundir com o óvulo, diversas questões ficarão em aberto para a ciência: como se pode viver a sexualidade no espaço? Será concebível uma mulher dar à luz num contexto de microgravidade? As quantidades de radiação deste contexto terão efeitos no bebé? Como é que a falta de gravidade poderá afetar o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças?
Questões que, por agora, ainda parecem pertencer ao campo da ficção científica, mas que ganham cada vez mais relevância na comunidade científica.
Fonte: ZAP