“Estamos a tentar resolver a questão no mais curto espaço de tempo possível. Em termos técnicos, não há outra solução”. Estas foram as palavras de Gonçalo Rocha, presidente da Câmara, referindo que a autarquia tem acompanhado a situação das minas que continuam a arder, ainda sem solução.
Os problemas em relação as antigas minas são mais complexos do que o previsto. A extinção do terceiro e último foco de combustão subterrânea, na zona da Serrinha, atribuída à Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), tem obrigado ao empenho de meios mais significativos, porque a combustão ali é mais intensa devido à maior quantidade de carvão no subsolo. Essa dificuldade obriga negociação de terrenos próximos para a colocação de meios técnicos pesados afectos aos trabalhos em curso, nomeadamente, maquinaria, para tentar debelar a combustão.
A cada remexida das máquinas, na tentativa de parar um fogo que ninguém vê, há fumo, pó, crepitar e cheiro a enxofre que preenchem o ar. Parte dos efeitos já se sentia desde os incêndios de outubro do ano passado, mas a situação agravou-se quando começaram, há cerca de dois meses, os trabalhos para tentar extinguir o foco de combustão que ainda se mantém na escombreira no Alto da Póvoa, em Pedorido, Castelo de Paiva. A população desespera e está preocupada com futuros efeitos na saúde.
Um habitante da regiao, que mora a aproximadamente 300 metros das minas, afirma que o cenário é sempre igual. “Toda vez que remexem ali há fumo, cinza e cheiro a enxofre que com o vento chega até às casas”. O mesmo reporta que há dois meses vê a chegada de pessoas para tratar do problema, mas que só conseguiram tratar uma pequena parte, que também continua a arder. Quando começaram os trabalhos, os engenheiros detetavam 60% a 70% de enxofre no ar, afirma.
Os habitantes preocupam-se com o cheiro, o pó e o mal que isso possa fazer à saúde. Se a combustão chegar ao filão de carvão que ainda ali existe, a situação pode piorar, de acordo com os mesmos: “Não resolve-se nada em um estalar os dedos, mas é preciso resolver o problema. A população não recebe sequer informações sobre a situação nem tampouco os cuidados que deve-se ter. Não temos nenhum tipo de assistência”, queixa-se.