Realizou-se durante a manhã de hoje a Sessão Solene da Assembleia Municipal dedicada aos 45 anos da Revolução de Abril.
Para além das habituais intervenções, como a do presidente da CM de Castelo de Paiva, Gonçalo Rocha, a cerimónia deste ano assinalou a importância dos meios de comunicação do concelho no pós 25 de Abril, com intervenção de Emanuel Damas da Rádio Paivense e uma especial homenagem a Manuel Afonso da Silva, fundador do jornalTVS.
“Quão reconhecido foi o trabalho de Manuel Afonso da Silva em favor da democracia? Qual o respeito que realmente lhe foi manifestado? Pouco, muito pouco, para este Paivense por adopção que tanto deu em prejuízo de si, dos seus, e dos negócios que geria. Manuel Afonso da Silva não foi um manipulador, foi um homem honesto, íntegro, que merece que esta Assembleia o reconheça mas que não poderia ter sido esquecido quando mais precisava e, lamentavelmente, foi. Quem com ele privou, sabe que nunca pediu nada em troca para exercer com seriedade as funções que exerceu, e isto precisa ser dito. E precisa de ser lembrado. E não pode ser esquecido”, referiu.
Na sua intervenção, Emanuel Damas também referiu sobre a importância do jornalismo ético, a responsabilidade da comunicação social e seu impacto na sociedade: “a comunicação social não é uma entidade vã, desprovida de responsabilidade. Uma das suas mais nobres funções é evitar que quem não convive com a oposição exercida com acuidade e respeito pelas regras do jogo democrático, seja incapaz de a amordaçar. O combate pela democracia é exigente, continuo, tem de ser um desígnio”.
O jornalista da Rádio Paivense referiu também sobre os desafios enfrentados pela comunicação social em plena era digital: “Vivemos tempos absolutamente desafiantes em matéria de comunicação, todos o reconhecemos. O fácil acesso à internet, a capacidade tecnológica dos smartphones, a proliferação de redes sociais permitiram uma avassaladora comunicação que tem aberto debates intensos e cujas conclusões ainda parecem distantes.
Recorde-se que comemorações do 25 de Abril marcam a redemocratização do país e o fim do Estado Novo, através da revolução que encerrou este período ditatorial em Portugal. Na altura não se podia falar contra o governo e não havia liberdade de expressão nem de imprensa. O regime autoritário de inspiração fascista baseado na repressão, na censura e marcado pela guerra nas colónias portuguesas em especial em África comandado por Salazar e posteriormente pelo general António de Spínola e os seus apoiantes, caiu devido a movimentações militares que contaram com forte apoio da população, a iniciar uma nova era democrática no país hoje celebrada nesta cerimónia solene.
A cerimónia assinalou a importância da comunicação social no concelho através da história da comunicação social em terras paivenses, do trabalho e relevância da atuação de Manuel Afonso da Silva e do papel de uma imprensa livre e coerente para informar a população a prezar pela verdade, ética e credibilidade, em tempos de redes sociais e tentativas de manipulação e interesses obscuros: “
“Os filtros a que um jornalista está obrigado pelo código deontológico que o norteia, e as imposições legais a que está sujeito, desaparecem completamente quando alguém que não está capacitado para o efeito, nem pretende estar para melhor poder contornar as obrigações da profissão, utiliza uma rede social para passar informação aparentemente fidedigna com intuito mais ou menos obscuro (…) Defendo um órgão de comunicação social totalmente Paivense, aberto à região, claro, mas que defenda os superiores interesses do Município”, alertou o jornalista.