A aprovação do projecto de construção do novo Aeroporto do Montijo, apesar dos alertas de especialistas que apontam para os riscos de inundação da zona, está a surpreender os espanhóis que destacam que a infraestrutura pode virar um “terminal submarino”.
O jornal El Mundo evidencia a aprovação do projecto por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), notando que a zona de construção do novo Aeroporto se situa numa área “susceptível de inundações” devido aos efeitos das alterações climáticas.
A publicação espanhola evidencia os alertas de investigadores da Universidade de Lisboa, apontando que a zona pode ficar inundada antes de 2050, como consequência da subida do nível do mar na costa portuguesa.
O El Mundo nota que partes do terreno podem vir a ser tomadas pelas águas, o que transformará o Aeroporto num “terminal submarino”.
“Apesar dos alertas dos especialistas e da possibilidade de o projecto aéreo multimilionário acabar por se tornar num terminal submarino”, o Governo português “mantém os seus planos de seguir em frente com a construção do aeroporto o quanto antes”, destaca o El Mundo, notando que o Executivo está “empenhado em continuar a aumentar o turismo em Portugal” para deixar de perder “dinheiro”.
A obra de mais de mil milhões de euros recebeu a aprovação da APA, com um parecer “favorável condicionado” ao cumprimento de 200 condições, nomeadamente para protecção de aves e para garantia de condições de mobilidade e de protecção do ruído.
A posição favorável surgiu apesar dos reparos de especialistas como Carlos Antunes do Departamento de Engenharia Geográfica, Geofísica e Energia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que considerou que o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) “omite projecções mais extremas e subestima a amplitude dos riscos da subida do nível do mar e os seus impactos no projecto”.
Considerando que há “erros de cálculo nas variáveis usadas” pelos técnicos que fizeram o EIA, Carlos Antunes salientou, em declarações ao Expresso, que “numa situação extrema, se a maré subir até 4,17 metros, perto de 1,6 quilómetros da base aérea podem ficar submersos, incluindo 400 metros da pista actual”. “E se chegar a seis metros, pode submergir 700 metros de pista”, alertou o especialista.
Fonte: ZAP