Os administradores do Novo Banco receberam prémios anuais de quase 2 milhões de euros pelo desempenho em 2019, ano marcado por um prejuízo de 1.058,8 milhões de euros na instituição. São bónus superiores aos pagos no BCP, no Santander Totta e no BPI que apresentaram melhores resultados financeiros.
Os bónus dos administradores do Novo Banco voltam a levantar a poeira provocada pela transferência de mais 850 milhões de euros dos cofres do Estado para a instituição, através do Fundo de Resolução.
A transferência provocou uma alegada “falha de comunicação” entre Mário Centeno e António Costa e tem dado muito que falar, especulando-se até que pode ter feito com que o Banco de Portugal se tenha tornado uma miragem para o ministro das Finanças.
Agora, para apimentar o cenário, surge a informação de que os administradores do Novo Banco receberam prémios diferidos de 1,997 milhões de euros, um valor que é “116% mais alto” do que no BCP, “35% superior ao do Santander Totta” e “cerca de 29% mais elevado do que o do BPI”, conforme avança o Correio da Manhã (CM).
Note-se que a equipa liderada por António Ramalho, presidente do Novo Banco, tem os salários fixos mais baixos, rondando entre os cerca de 350 mil euros anuais e os 275 mil euros. “BPI, BCP, CGD e Montepio pagam aos administradores-executivos remunerações fixas anuais que variam entre o máximo de pouco mais de um milhão de euros” e cerca de 250 mil euros, de acordo com o referido jornal.
No Relatório e Contas de 2019, o Novo Banco aponta que a atribuição dos prémios de 2019 foi “diferida e condicionada à verificação de diversas condições”.
Mas, apesar dos sete milhões de euros de prejuízos acumulados desde 2014, altura que marcou a fundação do chamado “Banco bom” que nasceu das cinzas do BES, os bónus foram pagos.
Em 2019, o Novo Banco registou um prejuízo de 1.058,8 milhões de euros, uma melhoria de 25% relativamente aos 1.412 milhões de euros de prejuízos de 2018. Foi esse prejuízo que motivou nova injecção de capitais públicos no banco, com os tais 850 milhões a saírem directamente dos cofres do Estado para o Fundo de Resolução.
BCP teve os melhores resultados dos últimos 12 anos
No BCP, os resultados de 2019 foram os melhores dos últimos 12 anos, com o banco a anunciar um lucro líquido consolidado de 302 milhões de euros. Os gestores do BCP receberam prémios de 923.856 euros.
Já o BPI teve lucros de 327,9 milhões de euros em 2019, menos 33% do que os 490,6 milhões de 2018, tendo pago bónus de 1,55 milhões de euros aos seus administradores.
O Santander Totta apresentou lucros de 527,3 milhões de euros em 2019, mais 5,5% do que os 500 milhões de euros de 2018, pagando bónus de 1,478 milhões de euros aos gestores.
O Banco Montepio decidiu não atribuir bónus aos seus administradores, apesar de as suas contas apontarem para lucros superiores a 20 milhões de euros em 2019.
A Caixa Geral de Depósitos ainda não decidiu se vai ou não atribuir prémios aos administradores.
Em 2019, o presidente-executivo do BPI, Pablo Forero, foi o banqueiro mais bem pago em Portugal, com um salário fixo anual de mais de um milhão de euros, ou seja, cerca de 73 mil euros por mês, conforme as contas do CM.
Já o presidente da CGD, Paulo Macedo, auferiu cerca de 423 mil euros, algo como 30 mil euros por mês.
Fonte: ZAP