O Novo Banco concedeu um empréstimo de 8,6 milhões de euros a uma das empresas do grupo Promovalor, de Luís Filipe Vieira, com o objetivo de apoiar a tesouraria para a Reserva do Paiva.
Em março de 2017, o Novo Banco aprovou um contrato de empréstimo de 8,6 milhões de euros a uma das empresas do grupo Promovalor, de Luís Filipe Vieira. O empréstimo tinha como objetivo apoiar a tesouraria para a empresa Reserva do Paiva PE04, que somava dívidas a fornecedores.
O empréstimo foi avalizado pelo próprio presidente do SL Benfica e pelo seu sócio Manuel Almerindo Duarte. Com um prazo de 72 meses, não implicou quaisquer comissões além dos juros fixados para o financiamento, sem período de carência, escreve o Expresso.
Embora Vieira tenha chegado a acordo com o Novo Banco para a reestruturação da dívida em 2017, a passagem de ativos só aconteceu dois anos mais tarde.
Fontes ouvidas pelo Expresso sabem ainda que a Reserva do Paiva suscitou desacordo entre a Promovalor e a parceira Odebrecht, o conglomerado empresarial brasileiro envolvido no escândalo da Operação Lava Jato. A disputa foi resolvida em tribunal, no final do ano passado.
O Novo Banco ficou com mais de 95% das unidades de participação do fundo FIAE, com Luís Filipe Vieira e o resto dos acionistas minoritários da Promovalor a ficarem com a participação restantes. O empreendimento Reserva do Paiva acabou por não avançar e o terreno foi incluído no pacote de ativos do FIAE.
O Expresso escreve ainda que o apoio de tesouraria do Novo Banco à Reserva do Paiva aconteceu num ano especialmente importante nas relações do banco com Luís Filipe Vieira.
Em 2017, no mesmo ano em que ficou acordada a reestruturação da dívida, o Novo Banco deixou de ter qualquer participação na Benfica SAD, vendendo a sua parte ao empresário José António dos Santos. Nos anos que se seguiram o empresário e o presidente benfiquista avançaram com vários negócios conjuntos na área imobiliária.
Ainda em 2017, o Novo Banco abriu uma linha de crédito para a Benfica SAD, que só viria a ser acionada em 2020.
O jornal Público avança ainda que, em julho, já no fim da auditoria da Deloitte ao BES/Novo Banco, Luís Seabra demitiu-se do cargo de diretor do departamento de auditoria interna, depois de ter, alegadamente, divergido de orientações da gestão.
Fontes do banco sugerem que em causa terá estado a falta de empenho da instituição bancária em apurar dados adicionais sobre os últimos beneficiários dos ativos vendidos pelo Novo Banco.
Só sabendo o nome dos últimos beneficiários é que se afastam as suspeitas de ligações entre os participantes dos fundos de investimentos e a Lone Star, que detém 75% do Novo Banco. Por lei, o banco só precisa de receber a comunicação das sociedades gestoras dos fundos de investimento de que os seus participantes não possuem posições superiores a 25%.
Fonte: ZAP