Segundo uma equipa internacional de investigadores de 17 países, o aumento da temperatura como resultado do aquecimento global pode ser o dobro do que foi inicialmente projetado pelos modelos climáticos.
Os resultados do estudo, publicado na semana passada na revista Nature, mostram que o nível do mar pode subir seis metros ou mais, causando a submersão de grandes centros urbanos.
Além disso, este aumento no nível das águas pode também causar impactos profundos no nosso ecossistema, mesmo se atingirmos a meta do aumento máximo da temperatura em 2 graus Celsius, com foi estabelecido pelo Acordo Climático de Paris.
As descobertas foram baseadas em provas de três períodos quentes nos últimos 3,5 milhões de anos da Terra, nos quais as temperaturas globais estavam 0,5 a 2 graus Celsius acima das temperaturas pré-industriais do século XIX.
Em todos os períodos estudados, o planeta aqueceu a uma taxa muito mais baixa do que está a aquecer na atualidade, resultado do aumento das emissões de gases de efeito de estufa resultantes da atividade humana.
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Ou seja, o Acordo Climático – que visa limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais – pode não ser suficiente para evitar uma catástrofe.
Os investigadores alertam que a taxa de aquecimento global também é considerável. “As mudanças que vemos hoje são muito mais rápidas do que qualquer coisa encontrada na história da Terra”, explicou uma das autoras do estudo, Katrin Meissner, da Universidade de New South Wales, na Austrália.
Os investigadores descobriram que o aquecimento sustentado de 1 a 2 graus Celsius vem sendo acompanhado por reduções substanciais das camadas de gelo da Gronelândia e da Antártida e aumentos no nível do mar de pelo menos em 6 metros – vários metros acima das previsões dos modelos climáticos atuais para 2100.
A pesquisa também revelou que o aquecimento global podia fazer colapsar grandes áreas de calotas polares. Com isto, iriam sentir-se mudanças significativas nos ecossistemas que poderiam fazer com que o deserto do Saara, na África, se tornasse verde e as bordas das florestas tropicais se transformassem em savanas dominadas por incêndios.
Meissner disse que “a equipa não pode comentar em que ponto no futuro é que estas mudanças vão ocorrer”.
Segundo a cientista, “os modelos climáticos parecem ser confiáveis para pequenas mudanças, como para cenários de baixas emissões em curtos períodos, digamos nas próximas décadas até 2100. Mas, à medida que a mudança se torna maior ou mais persistente, parece que os modelos subestimam a mudança climática”.
“As observações dos períodos anteriores sugerem que vários mecanismos amplificadores – que estão mal representados nos modelos climáticos – aumentam o aquecimento a longo prazo para além das projeções do modelo climático”, concluiu Hubertus Fischer, da Universidade de Berna, na Suíça, um dos principais autores do estudo.