O Bloco de Esquerda não tem medo de ser Governo e está disposto a integrar novamente um Executivo assim que o povo português o decida. Esta foi a grande mensagem que os bloquistas deixaram na XI Convenção Nacional do partido, que decorreu este fim-de-semana, no pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa.
“Não nos perguntem por isso se queremos fazer parte do próximo Governo que ainda não foi eleito, porque temos a certeza de que alcançaremos a força para ser parte de um governo quando o povo quiser”, sublinhou a líder Catarina Martins já na reta final do seu discurso de encerramento.
A pergunta que a líder do Bloco de Esquerda disse preferir é “se é possível agora um Governo que cumpra a saúde, a escola, as pensões, o emprego”. “E a nossa resposta é que sim, que é difícil mas que é necessário e que trabalhamos para isso”, assegurou.
Antecipando o próximo ciclo político, nas eleições europeias, nas regionais da Madeira, nas legislativas e todos os dias, o partido promete que vai “à luta”. “Não é no gabinete que se decide o futuro. É o povo que o constrói e tudo está em aberto”, disse.
Também a deputada bloquista Mariana Mortágua reiterou a prontidão do partido durante uma intervenção na qual deixou duras críticas à gestão das contas públicas.
“Estamos prontos! Somos uma força capaz, uma força de propostas e de coragem”, acentuou Maria Mortágua durante a convenção.
O Bloco é uma “força capaz” e, por isso, vai lutar para ser Governo após as legislativas do próximo ano, prometeu a vice-presidente do Grupo Parlamentar do BE, depois de criticar a gestão das contas do Estado praticada pelo ministro das Finanças, Mário Centeno.
Só que “o emprego cresceu”, “transformou-se em segurança para muita gente” e não foi preciso congelar pensões, nem liberalizar despedimentos. Pelo contrário, as pensões foram aumentadas e não houve liberalização de despedimentos, recordou.
“A proposta de Mário Centeno já era o plano de Bruxelas antes de ser ministro. Mas o país não cedeu a Bruxelas”, insistiu a deputada.
Depois do primeiro “ensaio” governativo na geringonça, a mensagem do Bloco é clara: o partido está preparado para integrar novamente um Governo e até já tem em mente nomes que poderiam integrar um futuro Executivo.
Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco, revelou, em entrevista ao Observador, alguns nomes de jovens deputados como possíveis ministros, ou eventualmente secretários de Estado. Mariana Mortágua assumiria a pasta das Finanças, tal como vaticinou Francisco Louça em 2017“.
Joana Mortágua ficaria na Educação, Moisés Ferreira na Saúde, Jorge Costa na Energia, Luís Monteiro no Ensino Superior e José Soeiro no Trabalho, revelou ao jornal Pedro Filipe Soares, garantido que, hoje em dia, “o BE prepara ministros“.
Catarina Martins consegue vitória esmagadora
A XI Convenção Nacional do Bloco de Esquerda mostrou ainda que Catarina Martins é uma líder quase incontestável dentro do partido. A coordenadora foi reconduzida como coordenadora nacional do Bloco, com uma vitória esmagadora.
A lista da moção A para a Mesa Nacional do BE, encabeçada por Catarina Martins, teve 457 votos, conseguindo 70 dos 80 mandatos, enquanto a moção C elegeu os restantes 10, sendo a coordenadora reconduzida no cargo.
A votação para os órgãos nacionais do BE pelos delegados à XI Convenção Nacional terminou neste domingo por volta das 11:00, em Lisboa, tendo a mesa da convenção divulgado que dos 584 votos em listas da Mesa Nacional, 457 foram na moção A e 62 na C, tendo havido 57 brancos e oito nulos.
Assim, Catarina Martins foi reconduzida como coordenadora nacional do BE, uma vez que lidera a lista mais votada à Mesa Nacional, o órgão máximo entre convenções.
Fonte: ZAP