O físico Stephen Hawking deixou-nos uma última mensagem antes de morrer: o seu trabalho final, que detalha a sua última teoria sobre a origem do Universo.
Antes de morrer, Stephen Hawking decidiu contrariar a famosa teoria do Big Bang, a teoria mais aceite para explicar a origem do Universo, que diz que tudo começou depois de um ponto muito quente e denso ter explodido e entrado numa expansão que dura há cerca de 14 mil milhões de anos.
No entanto, para Hawking o Universo é finito e muito mais simples do que pensamos. No artigo, publicado esta quarta-feira no Journal of High Energy Physics, afirma que o Universo é muito menos complexo do que sugerem as teorias atuais.
Esta teoria, que Stephen Hawking partilhou e trabalhou com o físico Thomas Hertog, já tinha sido enunciada no ano passado numa conferência na Universidade de Cambridge. Caso seja confirmada, a teoria de Hawking obrigará a reescrever todas as enciclopédias científicas.
Assim, a teoria baseia-se em torno do conceito de inflação eterna, introduzido pela primeira vez em 1979. “A teoria usual de inflação eterna prevê que globalmente o nosso Universo é como um fratal infinito, com um mosaico de universos de bolso separados por um oceano inflável”, explicou o físico na conferência.
“As leis locais de física e da química podem diferir de um universo de bolso para outro, que juntos formariam um multiverso. Mas eu nunca fui fã do multiverso. Se a escala de diferentes universos no multiverso é grande ou infinita, a teoria não pode ser testada”, afirmou o cientista.
No fundo, a conclusão é de que a “saída da inflação eterna” não produz um multiverso infinito, mas sim “finito e razoavelmente polido”. Hawking e o físico belga Thomas Hertog defendem que o oceano inflável não está, então, em expansão infinita.
“O problema com a inflação eterna é que ela assume um universo de fundo existente que evolui de acordo com a teoria da relatividade geral de Einstein e que trata os efeitos quânticos como pequenas flutuações. No entanto, a dinâmica da inflação eterna elimina a separação entre a física clássica e a física quântica. Por consequência, a teoria de Einstein deixa de fazer sentido“, explica o físico belga.
Segundo o Observador, esta explicação vai ao encontro do que Stephen Hawking disse antes de morrer: “Prevemos que o nosso Universo, nas maiores escalas, é razoavelmente simples e globalmente finito. Portanto, não é uma estrutura fractal“.
Em vez de explicar o Universo à luz da teoria da relatividade geral de Einstein, os físicos procuraram explicá-lo sem depender desta teoria. Assim, a teoria de Hawking baseia-se na teoria das cordas, um ramo da física teórica que tenta conciliar a física clássica com a física quântica, descrevendo os constituintes fundamentais do Universo como cordas vibrantes.
Assim, conforme esta teoria, o Universo é um holograma gigante no qual a realidade física a três dimensões pode ser reduzida a projeções bidimensionais.
Segundo Hertog, “quando traçamos a evolução do nosso Universo de trás para a frente no tempo, chegamos ao limiar da inflação eterna, onde a nossa noção comum de tempo deixa de ter significado”. É a isto que se resume a última ideia que Stephen Hawking assinou antes de morrer.
“Agora estamos a dizer que há um limite no nosso passado“, conclui Hertog.
Além de o artigo científico descrever como o nosso Universo vai acabar por se transformar em nada à medida que as estrelas forem gastando a sua energia, Hawking apresenta ainda os cálculos matemáticos que poderão levar à construção de uma sonda espacial que poderá descobrir indícios da existência do multiverso.
Fonte: ZAP