Um novo estudo realizado por médicos norte-americanos mostra que o uso do fio dental aumenta a exposição a substâncias perfluoroalquiladas (PFAS).
Químicos PFAS podem ser uma preocupação para os especialistas por causa da sua ligação ao cancro testicular e renal, com doenças da tiroide e colesterol alto, bem como com baixo peso ao nascer, diminuição da fertilidade e problemas no sistema imunológico.
No seu estudo, médicos do Instituto Silent Spring e do Instituto de Saúde Pública de Berkeley, Califórnia, mediram quantidades de 11 tipos de PFAS em amostras de sangue de 178 mulheres.
As mulheres que usaram o fio dental Oral-B Glide revelaram níveis mais altos de um tipo de PFAS chamado PFHxS (ácido perfluorohexanossulfónico) no corpo em comparação com aquelas que não o fizeram.
Para entender melhor essa ligação, os investigadores analisaram 18 fios dentais – incluindo 3 produtos da linha Glide – para detetar a presença de fluoreto, um marcador PFAS, com uma técnica chamada espectroscopia de emissão de raios gama induzida por partículas (PIGE). Os resultados foram publicados a 8 de janeiro na revista Journal of Exposure Science & Environmental Epidemiology.
Os três produtos Glide tinham flúor, o que está de acordo com relatórios anteriores, segundo os quais o Glide é fabricado com recurso a compostos semelhantes ao Teflon. Além disso, dois outros tipos também tinham flúor.
“Este é o primeiro estudo a mostrar que o uso de fio dental contendo PFAS está associado a uma maior carga corporal destes produtos químicos tóxicos“, disse a principal autora do estudo, Katie Boronow. “A boa notícia é que, de acordo com as nossas descobertas, os consumidores podem escolher linhas que não contenham PFAS”.
O estudo revelou outros aspetos associados a níveis mais elevados de PFAS, como a presença em casa de carpetes ou móveis resistentes a manchas, bem como o facto de morar numa cidade com água potável contaminada por PFAS.
Além disso, a investigação revelou que as mulheres afro-americanas que frequentemente comiam alimentos servidos em embalagens de cartão, como batatas fritas, tinham altos níveis de quatro tipos de PFAS no sangue em comparação com mulheres que raramente comiam esse tipo de alimento.
“No geral, este estudo reforça a evidência de que os produtos de consumo são uma importante fonte de exposição ao PFAS“, referiu Boronow. “Restringir estes produtos químicos dos produtos deve ser uma prioridade para reduzir os níveis no corpo das pessoas”, rematou.