Um estudo recente, que usou técnicas forenses modernas, sugere que as manchas de sangue do Santo Sudário são completamente irrealistas, apoiando o argumento de que é falso.
O estudo, recentemente publicado no Journal of Forensic Sciences, foi realizado por cientistas da Universidade John Moores de Liverpool, no Reino Unido, e da Universidade de Pavia, em Itália. A equipa de peritos forenses analisou as manchas de sangue presentes no tecido que se encontra na Catedral de Turim, desde o século XIV.
A investigação não teve por base a análise do próprio sangue, mas sim as diferentes possibilidades dos locais onde as manchas surgiriam, caso o sudário estivesse a cobrir um homem crucificado, explica a revista Visão.
“Há muitas contradições que indicam que o Santo Sudário não é autêntico, mas uma representação artística ou didática“, explicam os investigadores. Isto porque a equipa descobriu que as manchas de sangue só poderiam ter sido deixadas naqueles exatos locais por alguém que se conseguisse mexer e não pelo corpo imóvel de Jesus.
Os cientistas afirmam mesmo que apenas algumas das manchas coincidem com a posição em que um corpo crucificado se encontra. A maioria não encaixam de forma nenhuma.
Para chegarem a esta conclusão, os especialistas utilizaram o corpo de um homem vivo e simularam a sua crucificação. Através dessa simulação e do uso de sangue verdadeiro e sintético, uma metodologia usada para cenários de crime, os investigadores perceberam que poucas marcas poderiam ser de um homem crucificado.
“Simulámos a crucificação com cruzes de formas diferentes, de vários tipos de madeira com diversas posições do corpo: braços na horizontal, vertical, sobre a cabeça”, sustentam.
O estudo revela que as duas manchas encontradas no local do manto onde estaria a mão esquerda só podiam pertencer a alguém que se encontrasse de pé, com os braços a fazer um ângulo de 45 graus, por exemplo. Este facto suporta a teoria do Santo Sudário.
No entanto, o mesmo não acontece com as manchas relativas ao antebraço, dado que os braços deveriam ter uma posição completamente diferente, quase verticais, acima da cabeça, explicam. Acresce ainda o facto de na região lombar as manchas serem “totalmente irrealistas”.
Para a equipa de cientistas forenses, o Santo Sudário não passa de um “produto artístico”, uma conclusão que vai ao encontro de análises anteriores que defendiam que este manto tinha sido produzido durante a Idade Média. As manchas “parecem ter sido criadas de forma artificial, com um dedo ou um pincel“, concluem os investigadores.