(cv) ITER organization / YouTube
IETR – primeiro reator de fusão nuclear em larga escala do mundo
Estas “ondas fantasmagóricas” conseguem impedir os eletrões de atingirem grandes velocidades. Assim, poderiam ser úteis na criação de novas formas de evitar que os eletrões fugitivos danifiquem o interior do reator.
Segundo uma investigação recente, misteriosas “ondas fantasmagóricas”, normalmente criadas por raios, são formadas dentro de reatores de fusão nuclear e poderiam ser suficientemente úteis para protegê-los de danos.
Normalmente, estas ondas são encontradas na ionosfera, uma camada da atmosfera terrestre que fica aproximadamente entre 80 a 1.000 quilómetros acima da superfície do planeta.
As misteriosas ondas formam-se quando relâmpagos geram pulsos de ondas eletromagnéticas que viajam entre os hemisférios norte e sul, e mudam de frequência à medida que cruzam o globo. Quando os sinais de luz são convertidos em sinais de áudio, o som que geram é semelhante a um assobio.
Recentemente, estas “ondas assobiadoras” foram descobertas no plasma quente dentro de um tokamak, um reator de fusão nuclear. Como estas ondas se conseguem espalhar e impedir os eletrões de atingirem velocidades muito altas, poderiam ajudar a conceber uma nova maneira de evitar que os eletrões fugitivos danifiquem o interior do reator.
“Idealmente, queremos evitar interrupções e fugas. Mas, se ocorrerem, gostaríamos de ter várias ferramentas disponíveis para lidar com elas”, disse Don Spong, físico do Laboratório Nacional Oak Ridge, nos EUA, e um dos autores do novo estudo, publicado na Physical Review Letters.
Quando os investigadores detetaram as ondas pela primeira vez, na DIII-D National Fusion Facility em San Diego, repararam que eram precisas certas condições para isso acontecer. Alguns eletrões fugitivos, por exemplo, moviam-se a uma determinada velocidade, estimulando um certa vibração no plasma que fazia com que essas ondas fossem criadas.
“Gostaríamos de fazer a engenharia inversa deste processo, colocando estas ondas do lado de fora do plasma para dispersar os eletrões fugitivos”, explicou o físico.
Desta forma, o objetivo final desta pesquisa é criar uma espécie de antena externa para gerir ondas capazes de espalhar os eletrões e evitar que estes acelerem muito. Para isso, os investigadores precisam de aprofundar a sua pesquisa e estudar ainda mais este fenómeno.
Identificar que frequências e comprimentos de onda funcionam melhor e analisar o que acontece no plasma mais denso, necessário para os reatores de fusão nuclear, são os próximos passos.
Suprimir os eletrões fugitivos é apenas um dos obstáculos na criação de energia a partir da fusão nuclear. Apesar disso, Spong mostra-se bastante otimista.
São vários os investigadores que procuram, atualmente, conseguir energia de fusão nuclear. Um reator funcional e eficiente pode, assim, estar para breve.