Muitos animais encolhem quando se tornam domesticados – o cão é cerca de 25% menor do que o seu primo selvagem, o lobo cinzento, por exemplo. Mas algo curioso parece ter acontecido aos gatos durante a era Viking: ficaram maiores.
Todos os gatos domesticados são descendentes do gato selvagem do Oriente Próximo (Felis silvestris lybica), um diminuto felino albino que ainda existe nos desertos do Médio Oriente.
Cientistas da Noruega e da Dinamarca fizeram uma análise dos restos de esqueletos de gatos encontrados em vários sítios arqueológicos em todo o território dinamarquês e descobriram que o tamanho deste animal cresceu com o tempo. O estudo foi publicado no início de novembro na revista Danish Journal of Archaeology.
Os investigadores descobriram que as primeiras descobertas de gatos domésticos na Dinamarca datam da chamada Idade do Ferro Romana (1-375 d.C), quando ainda eram bastante escassos. O seu número cresceu consideravelmente “desde a era Viking (850-1050 d.C), embora principalmente em contextos urbanos e relacionados com a produção de peles”.
Nos tempos medievais, os gatos tornaram-se animais de controlo de pragas na Dinamarca em assentamentos rurais, em propriedades imponentes e em cidades em expansão, onde numerosas pilhas de lixo atraíam roedores.
Antes de chegar à conclusão de que os gatos domésticos aumentaram significativamente desde a era Viking, os autores do estudo analisaram a evolução do tamanho dos gatos domésticos ao longo do tempo através de medições ósseas e análises estatísticas.
Julie Bitz-Thorsen removeu meticulosamente centenas de crânios de gatos, fémures, tíbias e outros ossos de sacos de ossos mistos de cães, cavalos e vacas armazenados no Museu Zoológico de Copenhaga.
Os restos abrangeram mais de dois mil anos, começando no final da Idade do Bronze e terminando nos anos 1600. Muitos vieram de poços onde os vikings deixaram as carcaças de gatos depois de remover as suas peles.
O estudo provou que os ossos das extremidades e mandíbulas experimentaram um aumento de até 16% nos felinos modernos, enquanto os dentes são pelo menos 5,5% maiores, de acordo com a revista Science.
Os cientistas supõem que este aumento de tamanho – típico em animais domésticos – é devido às melhores condições de vida dos gatos modernos: “a disponibilidade de alimentos e uma possível mudança no uso humano de gatos, de um apanhador de ratos para um animal de estimação bem alimentado e bem conservado”.
Apesar de maior magnitude atual, os gatos domésticos mantiveram muitas características osteológicas indistinguíveis de seu progenitor selvagem.
O estudo concentrou-se apenas em gatos dinamarqueses, de modo que as descobertas podem não ser generalizadas em relação a outras partes do mundo. No entanto, um estudo de 1987 de uma coleção de ossos de gato da Alemanha reforça a ideia de que os gatos domésticos da idade medieval eram menores que os animais de estimação modernos.
MC, ZAP // RT