Para muitos, um bom chocolate é tão valioso como ouro mas, pelos vistos, a civilização maia já sabia disso. Sim, para os Maias, o chocolate servia como moeda.
Uma nova pesquisa sobre a antiga civilização pré-colombiana revelou que os Maias utilizaram durante séculos o chocolate como unidade monetária, servindo como moeda por troca de serviços, objetos ou outras iguarias.
O estudo, realizado pela arqueóloga norte-americana Joanne P. Baron, da Bard Early College Network, de Nova Jersey, nos EUA, e publicado em maio na revista Economic Anthropology, baseou-se em imagens, murais, pinturas, esculturas e outras obras que retratavam a civilização maia durante o período de 250 a.C e 900 d.C.
De acordo com a Newsweek, esta civilização nunca utilizou moedas mas já era sabido que trocava produtos como, por exemplo, tabaco, milho e têxteis e, segundo a investigadora, é neste período que se começa a observar a “monetização precoce dos grãos de cacau e tecidos de algodão“.
“Acredito que esses produtos, originalmente valorizados por serem usados para exibir o estatuto social, assumiram funções monetárias dentro de um contexto de expansão de mercados entre os reinos maias rivais”, escreveu Baron no estudo.
As imagens mostram representações dessas mesmas “trocas”, em que se pode observar a oferta de chocolate como forma de pagamento não só no comércio mas até mesmo nos impostos pagos às autoridades da civilização.
Inicialmente, o chocolate era oferecido como troca mas, a partir do final do século VII, tornou-se, de facto, numa espécie de moeda, isto é, num meio de pagamento. Os grãos secos de cacau funcionavam como moedas, aparecendo em cerca de 180 cenas retratadas em murais e cerâmicas do período entre 691 d.C e 900 d.C.
A confirmação desta utilização, segundo Baron, apareceu em imagens nas quais os grãos aparecem em sacos com grandes quantidades, notando uma quantidade muito maior do que seria preciso para ser consumido nos palácios. Ou seja, havia um outro propósito, neste caso servia como moeda.
“Como resposta, os regimes políticos e os seus súbditos dedicaram mais trabalho e recursos à aquisição destes produtos”, escreve ainda a arqueóloga no estudo.
Em declarações à revista Science, David Freidel, antropólogo e especialista na civilização maia da Universidade de Washington, em St. Louis, Missouri, que não esteve envolvido na pesquisa, concorda que o estudo está na direção certa porque o chocolate “é uma comida muito prestigiada” e “era quase de certeza uma forma de pagamento”.
No entanto, o especialista não concorda com a teoria de Baron quando a investigadora diz que eventuais perturbações no fornecimento de cacau podem ter levado a um colapso económico. “O meu palpite é que uma queda de uma única coisa não provocaria a queda do sistema”, explica.