Investigadores da Universidade de Chicago e da Pensilvânia, nos Estados Unidos, sugerem que os “mundos de água” podem mesmo suportar vida extraterrestre – apesar de os cientistas assumirem até então que é bastante improvável.
A comunidade científica tem assumido que os planetas de água – mundos totalmente cobertos por oceanos profundos – são hostis à vida, uma vez que não permitem o ciclo de minerais e gases que mantêm o clima da Terra estável.
No entanto, um novo estudo publicado no dia 31 de agosto no The Astrophysical Journal, afirma o contrário, sugerindo que os planetas oceânicos podem sustentar vida. Quanto ao tempo em que a vida seria possível, dependeria das condições do planeta.
Nas últimas duas décadas, os cientistas descobriram milhares de exoplanetas, muitos dos quais rochosos e na chamada “zona habitável” das suas estrelas-mãe. Apesar das descobertas, os investigadores não conhecem todas as condições de habitabilidade porque, até agora, só conhecemos um mundo habitável – a Terra.
Muitas vezes, os cientistas usam o clima da Terra para entender de que forma é que os planetas em geral poderiam manter as suas condições climatéricas estáveis por milhões ou biliões de anos – tempo suficiente para que a vida se conseguisse manter.
Condições necessárias
A nova pesquisa, baseada em mais de 1.000 simulações com exoplanetas, sugere que os planetas de água poderiam ser habitáveis se satisfizessem certas condições.
Segundo o estudo, os planetas precisariam de ter uma certa quantidade de carbono – elemento no qual a vida na Terra é baseada. Além disso, o exoplaneta iria precisar de muita água no início da sua formação bem como, ter capacidade de alternar entre a atmosfera e o oceano para estabilizar o seu sistema.
A estas condições soma-se a necessidade de o planeta manter os seus elementos e minerais originais, em vez de os dissolver no oceano e retirar o carbono da atmosfera.
“Isto realmente muda a ideia de que é necessário um clone da Terra – isto é, um planeta com alguma terra e um oceano raso [para sustentar vida]”, disse o autor principal do estudo Edwin Kite, geofísico da Universidade de Chicago.
De acordo com Kite, e enquanto a equipa conduzia simulações para encontrar planetas que orbitam à volta de estrelas semelhantes ao Sol, cresceu o otimismo relativamente à procura de estrelas anãs vermelhas – outro ponto importante na procura de vida extraterrestre.
As anãs vermelhas são mais fracas do que o Sol mas, se o planetas estiverem próximos o suficiente da estrela, podem, em teoria, ter água na sua superfície e encontrar as condições necessárias para a habitabilidade. No entanto, importa referir que estas estrelas são extremamente variáveis, podendo enviar radiações fatais para os seus planetas.
A quantidade certa de carbono, poucos elementos e cristais da crosta dissolvidos no oceano e a luz constante de uma estrela são os elementos necessários para que um mundo de água possa sustentar vida – e se possa juntar ao “pódio da habitabilidade” da Terra.