Tiago Petinga / Lusa
A deputada do CDS-PP, Cecília Meireles
A deputada centrista Cecília Meireles acusou o primeiro-ministro, António Costa, de anunciar um “logro” ao revelar nesta quinta-feira que Portugal pagará até ao final do ano a totalidade da dívida ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que ascende a 4,6 mil milhões de euros.
Para a vice-presidente da bancada do CDS-PP, o Estado vai, na verdade “trocar a dívida”, uma vez que “paga ao FMI e endivida-se noutras entidades a juros inferiores”, afirmou Cecília Meireles em declarações ao jornal Público.
A deputada não contesta a decisão em si mas critica “o logro” lançado pelo primeiro-ministro no último dia de aprovação do Orçamento do Estado para 2019, “tal como em muitas outras coisas” do documento.
“O que criticamos é criar-se a ideia de que o Estado paga a dívida. Parece que a dívida pública diminui mas não é bem assim, [a dívida] vai continuar a aumentar”, acrescentou Cecília Meireles, acusando António Costa de “brincar com as palavras”.
De acordo com a deputada, Portugal vai “trocar uma dívida por outra” embora admita que haverá um alívio nas necessidades de financiamento.
Nesta quinta-feira, e durante o seu discurso que antecedeu a votação final do OE19 Na globalidade, Costa garantiu que Portugal vai pagar toda a dívida ao FMI até dezembro.
“Com a mesma determinação com que temos governado e que me permite hoje anunciar que até ao final deste ano pagaremos a totalidade da dívida ao FMI, de 4,6 mil milhões de euros, com todo o significado que comporta mais este virar de página”, declarou António Costa, na Assembleia da República, momentos antes de se proceder à votação final global do Orçamento do Estado para 2019.
E acrescentou ainda: “com todo o significado que comporta mais este virar de página”.
Em janeiro deste ano, Portugal tinha reembolsado mais 800 milhões de euros, elevando para um valor próximo dos 23 mil milhões de euros, o total já pago ao FMI, refere ainda o matutino. Desta forma, atingiu-se a meta de ficar apenas a dever 4600 milhões de euros, o que permitiu que Portugal continuasse a estar sujeito à penalização de três pontos percentuais na taxa de juro aplicada ao empréstimo.
A antecipação de pagamento de dívida ao FMI, contraída a um juro mais elevada do que o juro a que o país se consegue financiar, foi pela primeira vez usada pela então ministra das Finanças Maria Luísa Albuquerque, durante o governo de Pedro Passos Coelho.
Fonte: ZAP