Nesta segunda-feira, cinco militares da GNR ficaram feridos num incêndio rural em Évora, em circunstâncias ainda não conhecidas. O representante dos militares da GNR diz que a situação tem de ser “muito bem explicada”, afirmando que os militares foram “abandonados” no meio das chamas.
O vice-presidente Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG), Adolfo Clérigo, disse, em declarações à TSF, que vai ser necessário explicar muito bem o que se passou no incêndio que feriu cinco militares em Mourão, três dos quais em estado grave.
Adolfo Clérigo, também ele militar do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) da GNR, revelou que foram contrariadas as regras básicas.
“Nunca tinha acontecido um comandante largar ou ‘despejar’ os homens no terreno e não voltar a aparecer. Eles tiveram de literalmente correr enquanto conseguiram porque ficaram entregues à sua sorte. Foram largados e abandonados no meio do incêndio”, frisou Afonso Clérigo à TSF.
O vice-presidente da Associação cita relatos de populares e de militares que estiveram próximos da operação em Mourão e sublinha que o comandante do helicóptero vai ter de explicar “muito bem” o que o levou a deixar os militares sozinhos. Com isto, o comandante deixou-os sozinhos na cabeça de incêndio, contrariando “todas as práticas” utilizadas neste tipo de operações.
Para Adolfo Clérigo, se as regras tivessem sido cumpridas os homens não teriam sido apanhados de surpresa pelo fogo, pois “não é possível colocar os militares em frente ao fogo e ficar à espera dele”, afirmou.
A empresa de meios aéreos que alugou o helicóptero ao Estado, citada pela RTP, garante que a decisão de sair do local foi do chefe da brigada dos cinco militares colocados no terreno. No relatório, o piloto garante que alertou os militares para o avanço das chamas, mas que foram estes que decidiram continuar a combater o fogo em terra.
As explicações deverão agora ser dadas pelo inquérito já anunciado nesta terça-feira pelo Ministério da Administração Interna.
MAI abriu inquérito
Face ao incidente, o ministro da Administração Interna (MAI) determinou a abertura, pela Inspeção-Geral da Administração Interna, de um inquérito para apurar as circunstâncias em que ocorreu o acidente que envolveu os militares da GNR.
O ministro Eduardo Cabrita quer saber em que circunstâncias ocorreu o acidente que feriu os militares.
O incêndio rural, numa área de pasto, deflagrou na segunda-feira à tarde, no Monte do Canhão, no concelho de Mourão, e foi considerado dominado às 18h57. No combate às chamas estiveram envolvidos 74 operacionais, apoiados por 25 viaturas e cinco meios aéreos, segundo a ANPC.
Destes operacionais, cinco elementos do GIPS da GNR sofreram queimaduras na sequência do combate às chamas. Dos feridos, todos do sexo masculino, com idades entre os 30 e 39 anos, três sofreram queimaduras graves, enquanto os outros dois “foram assistidos no local e não necessitaram de mais cuidados”, revelou à Lusa o INEM.
Um deles foi encaminhado para os Hospitais Universitários de Coimbra, outro para o Hospital de S. João, no Porto, e outro para Hospital de S. José, em Lisboa. Todos ficaram feridos com gravidade, mas não correm risco de vida.
Fonte: ZAP