Uma empregada de um restaurante foi levada por dois militares da GNR do seu local de trabalho diretamente para o Tribunal. Os guardas usaram um mandado judicial para forçar Cristiana Rocha, 30 anos, a deslocar-se ao Palácio da Justiça da Maia, onde decorria um julgamento, ao qual a mulher nunca compareceu, apesar de ser uma das testemunhas mais relevantes. O processo jurídico está relacionado com um acidente rodoviário, no qual supostamente, aquela teria estado envolvida, em março último. Só que Cristiana Rocha nunca sofreu qualquer sinistro e, provou-se depois, teve os seus dados pessoais colocados num cartão de cidadão falsificado por uma das condutoras. No final, a juíza pediu desculpa e Cristiana Rocha apresentou uma queixa-crime contra desconhecidos.
“Foi um susto para a vida”, garante a jovem, após ter sido surpreendida com a presença de dois militares no restaurante onde trabalha, em Penafiel. “Disseram-me que tinham de me levar ao Tribunal da Maia, mas não souberam explicar qual a razão”, recorda. Já assustada e nervosa, a funcionária do restaurante entrou no carro da Guarda e foi transportada ao tribunal, onde, junto dos funcionários judiciais, tentou perceber o que se estava a passar. “Ninguém me soube dizer o que quer que fosse e tive de esperar para entrar na sala de audiências do julgamento”, conta. E foi aí que a juíza a confrontou com um acidente rodoviário, ocorrido em março, na cidade da Maia. “Eu disse que não sabia de nada, mas a juíza explicou que a condutora tinha apresentado um cartão de cidadão com o mesmo nome que o meu, a minha idade e com o mesmo número”, descreve. Só a morada e o contacto telefónico eram diferentes.
Na ocasião, a magistrada também esclareceu que tinha ordenado a intervenção da GNR, porque, apesar de notificada, Cristiana Rocha nunca se tinha apresentado no tribunal. “Mas eu não recebi qualquer carta do tribunal”, justifca.
O equívoco só ficou resolvido quando o guarda que tomou conta do acidente, entretanto chamado ao tribunal, confirmou que Cristiana Rocha não era a condutora que se tinha dirigido ao posto da GNR da Maia para realizar o teste de alcoolemia e fornecer os dados pessoais. “A juíza pediu-me desculpas e mandou-me embora”, conclui.
Reside em Penafiel e morada era da Maia
Cristiana Rocha é natural e reside em Boelhe, Penafiel. É também na cidade penafidelense que trabalha. Ao invés, no cartão de cidadão apresentado à GNR, a morada da falsa Cristiana Rocha era na Maia.
“Falsa” Cristiana confirmou presença
A “falsa” Cristiana Rocha chegou a confirmar a presença no julgamento durante um telefonema feito pelos serviços administrativos do Tribunal. Na mesma altura, confirmou os dados que constavam no cartão de cidadão.
Fonte: A Verdade