O braço-de-ferro entre António Costa e Carlos César, na questão do IVA das touradas, “é mais sério do que se pensa”. É Marques Mendes quem o diz, notando que tudo se deveu ao “feitio especial” do primeiro-ministro.
“Não conheço um caso de um líder parlamentar que desafia o líder do partido, ainda por cima primeiro-ministro”, salientou Marques Mendes no seu habitual espaço de comentário na SIC, referindo-se à polémica no seio do PS, relativamente ao IVA das touradas.
“Isto só é possível porque Carlos César tem um enorme peso político” e “só uma pessoa com grande peso político obriga Costa a recuar”, atestou o comentador.
A bancada parlamentar do PS, com o líder Carlos César como primeiro signatário, avançou com uma proposta para a redução do IVA nos espectáculos de tauromaquia para os 6%, contrariando, assim, a posição do Governo que pretende manter o imposto nos 13%.
O caso dividiu o PS e provocou mal-estar entre Costa e César, mas Marques Mendes está certo de que as divergências entre os dois homens fortes do partido vêm de trás. Isto porque o primeiro-ministro tem um “feitio especial”, pois “gosta de mandar, decidir, e por vezes não dar cavaco a ninguém“, referiu o comentador.
O ex-líder do PSD criticou ainda a “arrogância moral e cultural da ministra da cultura” por ter dito que o Governo não baixaria o IVA das touradas por estar em causa uma “questão de civilização”. Esta posição criou um clima de tensão no PS.
Depois de o primeiro-ministro se ter manifestado pessoalmente contra as touradas, numa resposta a Manuel Alegre, “Carlos César quis desafiar António Costa”, assumindo “uma divergência deliberadamente”, atirou ainda Marques Mendes na SIC. E assim, o primeiro-ministro acabou por ser “desautorizado”, concluiu.
César veio esclarecer Costa, que tinha lembrado a disciplina de voto nas questões orçamentais, que quem manda nos deputados é o líder da bancada parlamentar, referindo que vão ter liberdade de voto. E Costa acabou a congratular-se com essa posição, o que leva Marques Mendes a falar de um recuo do primeiro-ministro.
Para o comentador, também é evidente “o caso é mais sério do que se pensa“, criticando a comunicação social por ser “complacente quando as divergências são dentro do PS”.
Fonte: ZAP