Elevados níveis de poluição atmosférica foram associados a abortos espontâneos num estudo feito com mulheres grávidas a viver e trabalhar em Beijing, na China.
A China é um dos países que mais sofre com a poluição atmosférica em todo o mundo. Assombrada pela intensa atividade industrial nas grandes metrópoles do país, a população vive prejudicada pela poluição do ar, que pode acarretar problemas de saúde graves.
Agora, num novo estudo publicado esta segunda-feira na revista Nature Sustainability, uma equipa de cientistas associou elevados níveis de poluição atmosférica a abortos espontâneos.
“Temos evidências claras e conhecimento acumulado de que existe uma associação verdadeira [entre a poluição atmosférica e o aborto]”, disse Tim Nawrot, da Universidade de Hasselt, citado pela New Scientist.
Normalmente, este tipo de abortos espontâneos acontece nos três primeiros meses de gravidez. Nestes casos, o feto morre ou deixa de se desenvolver durante a gravidez, sem se perceber ao certo o que o causou. Investigadores sugerem então que em algumas situações, a poluição do ar pode desempenhar um papel importante neste cenário trágico.
“A China é uma sociedade em envelhecimento e o nosso estudo fornece uma motivação adicional para o país reduzir a poluição do ar, a fim de aumentar a taxa de natalidade”, denotam os autores do estudo.
De acordo com os resultados obtidos durante a investigação, a exposição a elevados níveis de dióxido de enxofre, ozono e monóxido de carbono foi associada a um risco maior de aborto espontâneo na gravidez — explica o Phys.
Um estudo norte-americano também já tinha conseguido resultados que sugeriam esta ligação. Apesar dos resultados promissores de ambas as investigações, alguns cientistas realçam que para confirmar a associação será necessário fazer testes em embriões humanos, de forma a perceber o verdadeiro impacto que altos níveis de poluição atmosférica podem ter num feto humano.
A equipa de cientistas descobriu ainda que, desde que o Governo chinês impôs regras para reduzir a poluição atmosférica em 20113, o risco de aborto espontâneo decresceu paralelamente.