Miguel A. Lopes / Lusa
O antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva considera que Portugal corre o grande risco de se tornar a “lanterna vermelha” da Europa, dizendo que o país está a ser ultrapassado economicamente na Europa.
“Neste momento, Portugal corre um grande risco: ser, se as coisas não se inverterem em breve, a lanterna vermelha a nível de desenvolvimento dos países da zona-euro”, começou por dizer o antigo chefe de Estado em entrevista ao jornal Sol, este sábado divulgada.
“Quem é que ainda está atrás de nós?”, questiona, antes de responder: A Letónia, que atualmente cresce mais rapidamente do que Portugal. A Grécia, em recuperação da situação em que se encontrava. A Eslovénia, a Eslováquia, Malta, a Estónia, a Lituânia, a República Checa, já estão todos à nossa frente”.
E acrescenta: “Como português, sentiria uma grande tristeza ao ver Portugal como lanterna vermelha da Europa. Daí a grande responsabilidade dos governos da atualidade – e dos políticos em geral da atualidade, incluindo a oposição – em inverter esta situação. Portugal tem vindo a cair nessa lista de países da União Europeia e da zona-euro”.
O antigo Presidente da República refere ainda um estudo do Banco de Portugal, onde se lê, segundo Cavaco Silva, que o rendimento per capita com base na paridade do poder de compra em 2018, comparado com a média europeia, foi inferior aquele que deixou em 1995, quando cessou funções como primeiro-ministro.
“Não sou eu que o digo… É o Banco de Portugal”, afirma.
Questionado sobre a solução para combater este problema, Cavaco Silva responde com a social-democracia. “Quando olhamos para a realidade europeia, apercebemo-nos que predominam os Governos de coligação. Portanto, nem sempre é fácil manter a aplicação de um conjunto coerente e consistente dos princípios da social-democracia”.
E recorda Francisco Sá Carneiro, o falecido líder fundador do PPD/PSD: “Mas podem encontrar-se situações em que a maioria de linhas de orientação dominantes num governo sejam social-democratas… Sá Carneiro tinha uma qualidade fundamental para dirigir um governo social-democrata: tinha capacidade de liderança. Isso é fundamental para aplicar uma agenda re-for-mis-ta. Reformista”.
Fonte: ZAP