Stonehenge não foi construído num dia, e de certeza que o Teorema de Pitágoras também não. Mas será essa a única semelhança entre o monumento e a fórmula matemática? Investigadores defendem agora que o teorema foi aplicado na construção do monumento, 2000 anos antes do nascimento do filósofo.
Pitágoras de Samos é conhecido pelo seu Teorema, uma fórmula que se aplica aos triângulos retângulos, em que a “hipotenusa ao quadrado é a soma dos quadrados dos catetos”. Mas, aparentemente, Pitágoras goza da fama sem ter sido o seu verdadeiro criador.
O famoso Teorema de Pitágoras pode aplicar-se ao Stonehenge, o monumento pré-histórico constituído por círculos de pedras, que se localiza no Reino Unido. Esta recente teoria é apresentada num recente livro, Megalith: Studies in Stone.
O astrónomo britânico Robin Heath e sete outros investigadores usaram a geometria dos blocos de Stonehenge para sugerir que os seus criadores sabiam os princípios do teorema, que já teria sido usado durante aquele período Neolítico.
O Teorema de Pitágoras é extremamente útil na construção de monumentos, para mapear constelações ou, até, dividir a Terra. Por este motivo, não admira que os investigadores tenham reparados nos sinais do uso do teorema entre as culturas babilónicas, chinesas antigas e indianas védicas.
Chegamos assim à conclusão que o motivo pelo qual chamamos Teorema de Pitágoras a esta arma preciosa da matemática é meramente um acidente histórico do que outra coisa qualquer.
Na verdade, temos tendência a olhar para os nossos ancestrais como homens das cavernas, quando eram verdadeiros astrónomos e cosmólogos, que estudavam ciclos lunares e solares mesmo antes de começarem a planear a construção do monumento.
No livro, os autores afirmam que os monumentos eram construídos por astrónomos que entendiam as fases lunares, solares e os ciclos de eclipses. Desta forma, explicam, foram capazes de construir um calendário de pedra gigantesco, recorrendo a geometria muito complexa.
Em Stonehenge, há um grande triângulo retângulo que merece atenção, dado que a sua forma de construção foi propositada para que fosse possível assinalar algumas datas no calendário da época, como solstícios de verão e inverno e equinócios de outono e primavera.
Além disso, diz o autor Robin Heath ao The Telegraph, os investigadores encontraram 56 estacas ou pedras à volta de Stonehenge que poderiam ter sido usadas para prever eclipses e mostrar as posições do sol, da lua e as fases lunares.
O Woodhenge, a poucos quilómetros do Stonehenge, foi mais um monumento construído com base num triângulo pitagórico (sem que, no entanto, Pitágoras tenha interferido). Estes triângulos foram ainda encontrados noutro locais, como no interior de um tempo druida em Inverness e no monumento Castlerigg em Keswick.
A verdade é que os “construtores” não deixaram grandes registos das suas descobertas matemáticas. Relações numéricas escondidas em estruturas de pedra são um tema aliciante para os historiadores, e, apesar de fornecer sinais claros de conhecimento e desenvolvimento cultural, podem também ser invenções da própria imaginação.
Não sabemos por que é que o nome Pitágoras foi o escolhido para combinar com a palavra “teorema”, nem tampouco se os astrónomos construtores de Stonehenge foram os verdadeiros cérebros por detrás da fórmula matemática.
Ainda assim, descobrir uma fórmula tão útil aplicada a esta estrutura de pedra fornece-nos surpreendentes pistas sobre como as diversas culturas desenvolveram as suas próprias ferramentas matemáticas para serem usadas na construção, nas viagens e até no seu próprio entretenimento.