A associação ambientalista Quercus está a ser investigada, pelo Ministério Público (MP), por gestão danosa, avança esta quinta-feira a revista Visão.
A direção da mais conhecida associação portuguesa do Ambiente, a Quercus, está a ser alvo de um inquérito-crime do Ministério Público por suspeitas de gestão danosa.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou à Visão que o inquérito-crime, que está nas mãos do Departamento de Investigação e Ação Penal, de Lisboa (DIAP), está em curso, encontra-se em segredo de justiça e ainda não há arguidos.
Falta de pagamento do salário dos funcionários, falta de pagamento a fornecedores, empréstimos e dívidas que no final de 2017 chegavam aos 577 mil euros são algumas das acusações, algumas delas protagonizadas por antigos dirigentes da associação.
Segundo a revista, pelo menos quatro dirigentes de núcleos regionais acusaram a direção da Quercus de ter deixado de pagar aos núcleos a percentagem das quotas que era devida pela proporção dos associados na região.
O presidente da direção desde 2015, João Branco, disse desconhecer tal suspeita e a investigação, afirmando que os problemas financeiros da associação são dificuldades de tesouraria comuns a outras associações de ambiente. Além disso, negou também a existência de salários em atraso.
Em relação à falta de pagamento aos núcleos, o presidente diz que esse dinheiro foi usado para pagar as despesas correntes feitas por estes, como água, luz, viaturas e outras despesas.
Já João Paulo Pedrosa, atual presidente do conselho fiscal da Quercus, reconheceu que a associação está “mesmo no fim dos recursos“.
Após ter consultado os documentos da contabilidade, o dirigente descobriu que as obras no Monte Barata, orçamentadas para 540 mil euros, foram adjudicadas por mais 130 mil. Este terreno foi adquirido para ser reserva biológica, com fundos europeus, donativos e dinheiro do Estado. Estas obras estão relacionadas com a construção de um edifício que servirá para turismo de natureza.
O presidente da Quercus atira as culpas para as anteriores direções. No entanto, Francisco Ferreira, que foi presidente da Quercus entre 1996 e 2001, garante que nunca houve salários em atraso ou falta de pagamento a fornecedores. Atualmente, Francisco Ferreira é presidente da associação ambientalista Zero.
Além disso, a Quercus responsabiliza ainda a diminuição de donativos e a redução dos apoios públicos. A revista adianta ainda que esta dependência do Estado pode estar a condicionar a ação da Quercus.
Fonte: ZAP