Em tempo aprazível de Outono, a ADEP – Associação de Defesa do Património Histórico e Cultural de Castelo de Paiva voltou a garantir ontem a realização de mais uma edição da Feira do Século XIX, uma iniciativa de referência, que voltou a merecer o apoio da Câmara Municipal e a ter uma boa adesão de visitantes no Parque das Tílias, em Sobrado, procurando recriar um evento que, a nível concelhio, envolve sempre associações locais e procura mostrar, com algum rigor, uma época através da representação de valores e tradições de outrora.
Em tempo de colheitas, junto ao edifício da antiga Casa do Povo, na zona da Frutuária, a história voltou a repetir-se e a realização continua a assumir as vertentes pedagógicas, cultural e social, sendo recriado, através dos trajes, dos artesãos, dos comerciantes dos produtos agrícolas e animais domésticos, da música tradicional, do teatro e da animação de rua, em síntese, do próprio ambiente vivido numa verdadeira feira de tempos já recuados.
Durante a tarde, para além do grande destaque do Baile à Moda Antiga, com a participação da Orquestra Tradicional de Nespereira, o Vice-Presidente da Câmara Municipal, José António Vilela, acompanhado da Vereadora da Cultura, Liliana Vieira, e também Martinho Rocha, presidente da ADEP, estiveram no recinto a visitar o certame e participaram na entrega dos Certificados de Presença aos participantes, tendo o responsável municipal enaltecido esta iniciativa da ADEP, referindo a propósito que, “ ao tentar caracterizar-se algumas actividades que faziam parte do quotidiano das pessoas da época, importa enaltecer estas iniciativas culturais gizadas para recuperar velhos costumes e reconstruir cenários já há muito esquecidos e também desconhecidos para muita gente, especialmente para a população mais jovem “.
Considerando que estas manifestações devem continuar a ser incentivadas e sempre acarinhadas, o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Paiva manifestou a sua satisfação por poder constatar a vitalidade desta iniciativa, regressada este ano depois de dois anos de interregno, mantendo todavia a matriz inicial, destacando depois que, “ para além de fazer reviver o passado, este tipo de realização, que já é uma referência turística e cultural do concelho, permite-nos respeitar, ainda mais, as nossas verdadeiras origens e os nossos antepassados, merecendo, por isso, o melhor apoio municipal “.
A comercialização de produtos agrícolas, a presença de diversos artífices, a venda do artesanato regional e dos animais domésticos, a mostra dos utensílios agrícolas, as danças e costumes de outrora, o vinho novo, a desfolhada, a gastronomia tradicional da época e o baile à moda com Orquestra Típica, foram argumentos de peso e de grande interesse deste certame que, continua a ter boa adesão popular e impacto cultural, onde a animação e a componente etnográfica, com a participação e envolvimento de ranchos folclóricos do concelho, grupos de tocadores de concertina e de cantares ao desafio continuam a merecer particular destaque, atraindo milhares de visitantes, numa contagiante alegria e entusiasmo que marca positivamente este evento anual e que se traduz num emblemático e cativante quadro pitoresco, da vivência rural dos antepassados paivenses, destacando-se de novo, a presença de um grupo, trajado a rigor, de antigos trabalhadores das Minas do Pejão, que demonstraram no espaço da feira como se fazia o escoramento das galerias na mina, fazendo assim, recordar uma das actividades que outrora teve maior peso na economia do concelho.
De realçar também, que a ADEP apresentou ontem um sarcófago medieval, datado entre 1420 a 1480, e que foi recuperado na freguesia de Real, onde tinha sido descoberto há 25 anos, e agora doado a esta associação de defesa e estudo do património histórico de Castelo de Paiva, destacando-se também na feira, a presença famoso ferreiro da Cêpa, e muita gente também a ver a Atafona do Linho a moer numa demonstração protagonizada pelo Grupo do Linho de Real, entre outros destaques, como as barracas de vinhos e petiscos, com destaque para a broa caseira cozida na hora e bolos com carne, que fizeram a delícia dos visitantes.
O programa desta 23ª edição teve início com algumas actividades etnográficas protagonizadas pelo Rancho Folclórico de S. Martinho, com baile no terreiro com uma Orquestra Tradicional, os Cantares ao Desafio com o Grupo de Concertinas do Museu Regional de Cucujães e uma prova de sabores e, como já é habitual, algumas das valências da ADEP, designadamente as Artes Gráficas, o museu “Primeiras Artes” e a “Casa dos Engenhos“, estiveram abertas ao público, com muita gente a passar por estas exposições permanentes e mantido conversações com os dirigentes da ADEP, bem como, com muitos dos expositores presentes nesta iniciativa que voltou a ter uma boa adesão de visitantes no cenário do Parque das Tilias, acolhendo as tradições locais, os costumes de outrora, e potenciando muita animação de rua, tambem atraidos pelos saborosos petiscos regionais, pela gastronomia local e doçaria tradicional e também pelo excelente vinho doce da ultima colheita.
Martinho Rocha, actual presidente da ADEP, voltou a mostrar-se bastante satisfeito com a adesão conseguida e, no final da ronda pelos expositores, fez um balanço positivo desta 23ª edição da feira, que voltou a evidenciar a ruralidade da época e superou todas as expectativas, apresentando algumas novidades, ao mesmo tempo que lançou o desafio para que o certame tenha maior projecção, como forma de reconhecimento pelo trabalho que tem sido desenvolvido pela colectividade e pela organização da iniciativa, por muitos já considerada uma referência turística da região, merecendo por isso, o apoio e colaboração disponibilizados por várias entidades locais.