O continuo crescimento do consumo da carne vegan pode levar os restaurantes de fast food a perpetuarem uma revolução no mercado global alimentar que pode, em última análise, salvar o planeta.
Há alguns anos, a carne vegan era nada mais do que um sonho distante para a maioria dos consumidores. Substitutos da carne nos supermercados não tinham variedade e qualidade. Os hambúrgueres à base de vegetais eram poucos entre os principais pontos de fast food.
Mas alternativas realistas à carne prejudicial ao meio ambiente são agora um grande negócio — e as cadeias globais de fast food estão finalmente a começar a tomar conhecimento.
O Burger King anunciou que, após um teste extremamente bem-sucedido, lançará sua parceria com a empresa de carne Impossible Foods nos EUA. O McDonalds apresentou recentemente o Big Vegan TS nos restaurantes alemães, um dos seus cinco maiores mercados internacionais.
Agora, finalmente, capazes de produzir imitações sem carne que são para muitos indistinguíveis, a indústria em rápido crescimento parece preparada para causar uma revolução no mercado. Ao fazê-lo, poderia impulsionar um rápido declínio na contribuição da carne para a crise ambiental — impulsionada não apenas por uma minoria global de vegans e vegetarianos, mas também por milhões de comedores de carne.
Graças ao crescente interesse do Silicon Valley pela tecnologia de alimentação, essa carne vegan indistinguível apareceu no cardápio há pouco mais de cinco anos. Apoiados por enormes investimentos, marketing sofisticado e um ambiente regulatório amigável, as empresas americanas saltaram para a vanguarda da inovação da carne vegan.
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Em contraste, durante muito tempo, regulamentações mais rígidas de alimentos na Europa sufocaram a inovação de carne vegan. Quorn, um substituto de carne de baixos custos que agora é um nome familiar nos Estados Unidos, levou quase dez anos a ser aprovado como alimento legítimo, devido ao seu uso de fungos sem precedentes.
Essas rígidas regulamentações também estipulam que os ingredientes geneticamente modificados devem ser rotulados, o que pode explicar a razão pela qual o amplamente divulgado Impossible Burger ainda não tenha chegado aos países europeus.
No entanto, embora os EUA possam ter tido uma vantagem inicial na inovação de carne vegan de alta qualidade, pode surpreender saber que as alternativas à base de plantas são muito mais populares em algumas partes da Europa.
Enquanto alguns países europeus como Portugal, França e Suíça ainda estão para dar uma oportunidade à “carne falsa”, um britânico (750g) ou um sueco (725g) consumiu, em média, mais do dobro de carne vegan que um americano consumiu em 2018 (350g).
Na Alemanha, as alternativas à carne eram praticamente inexistentes há dez anos. Contudo, os alemães não estão longe dos EUA no consumo de “carne falsa”, graças, em parte, às proeminentes marcas de carne processada que entraram no mercado. Não é coincidência que o McDonald’s na Alemanha tenha decidido, desde então, associar-se à Nestlé para criar um hambúrguer vegan.
E, dado o enorme aumento de 30% nas vendas trazidas pelo Impossible Whopper, o McDonald’s e a Nestlé já estão a considerar expandir a sua parceria para além da Alemanha.
As carnes vegan de fast food não são destinadas apenas a vegetarianos e vegans, mas também a amantes da carne, que ainda constituem a grande maioria da população. O Impossible Whopper, por exemplo, é comercializado não como um tratamento para salvar o planeta, mas como uma forma mais saudável de aproveitar o mesmo sabor a que os seus clientes estão acostumados.
Alguns vegans resistem à ideia de replicar o sabor da carne animal — mas a verdade é que estes produtos terão um papel importante no cumprimento de projeções de que a maioria da “carne” não virá de animais mortos até 2040.
A carne vegan pode ainda reduzir massivamente a pesada carga de emissões e o sofrimento dos animais causados pela agricultura animal.
Fonte: ZAP