Durante o encerramento 23º congresso do PSD-Açores, Rui Rio afirmou que o OE2019 não tem nada a ver com o que o país precisa e que o PSD não é de esquerda nem de direita.
“É tempo de dizer: Basta! Basta de impostos! Quando é que isto pára?”, reclamou Rui Rio enquanto discursava sobre a proposta de governo sobre a nova taxa da proteção civil, justificando ainda que o PSD “obviamente vota contra mais esta taxa, que na prática é um imposto”.
Neste domingo e terceiro dia de trabalhos para a confirmação da eleição do novo líder do PSD-Açores, Alexandre Gaudêncio, Rui Rio subiu ao palco para dizer que acredita na vitória dos sociais-democratas nas regionais açorianas de 2020 e que acredita que o PSD possa “chegar às legislativas em condições de ganhar“, segundo conta o Público.
“O PSD tem todas as condições para ganhar, basta querermos, basta estarmos unidos e sermos sérios na condução do interesse público”, falou Rui Rio, apelando à união do PSD consigo próprio e com a sociedade portuguesa.
Nem de esquerda, nem de direita
“No caso das eleições para o Parlamento Europeu temos um adversário de peso: a abstenção. As pessoas abstêm-se porque estão desacreditadas em relação aos partidos políticos, aos outros e ao nosso. O nosso objetivo é voltarmos a aproximar a sociedade do PSD e o PSD da sociedade. Temos de fazer as coisas de forma diferente”, assumiu o líder social-democrata.
Segundo Rui Rio, esta separação entre os partidos e quem os elege tem três soluções – um deles é desfazer equívocos quanto ao posicionamento do PSD.
“O PSD, como o próprio nome indica, é social-democrata e não é de esquerda nem de direita. Somos de centro e isso abarca o centro direita e o centro esquerda. Não somos socialistas nem liberais. Um partido político não é um albergue espanhol. Cá dentro, queremos aqueles que se identificam com a nossa ideologia”, explicou.
Os outros dois aspetos que, segundo Rui Rio, poderão agregar eleitos e eleitorado tem a ver com o funcionamento interno dos partidos.
Rui Rio diz que, para isso, o PSD tem de “ter regras transparentes que não permitam golpadas eleitorais”, algo que desprestigia os partidos. “Tudo o que possamos fazer para melhor é um passo vital” algo que também se aplica às questões de ordem financeira.
O terceiro e último ponto enumerado pelo líder social-democrata para aproximar eleitores do PSD é “pôr sempre o interesse público à frente” de tudo, incluindo dos interesses pessoais e do próprio partido.
“Quando estamos na política nacional temos de ser capazes de, na prática, no terreno, no dia a dia, nunca ceder a razões de ordem tática do partido”, afirmou Rui Rio.
O Governo de António Costa
Em relação ao governo socialista de António Costa, Rui Rio enumerou as reformas de que o país precisa e que “nenhum partido consegue fazer sozinho”.
Segurança social, sistema político e sistema de justiça, para Rui Rio, “não podemos deixar de dialogar com os outros, se não Portugal nunca terá o que precisa. Foi por isso que pouco depois de ter tomado posse assinámos dois acordos com o Governo. Estivemos, estamos e vamos continuar a estar disponíveis para construir a descentralização”.
Ponto feito sobre disponibilidade do PSD para o diálogos e acordos, Rui Rio enumerou os erros e os falhanços do governo de António Costa.
“Os falhanços começam desde logo pelo facto deste Governo não ter uma estratégia de crescimento económico sustentado”, afirmou.
“Acabados estes quatro anos, qual é o balanço da atividade política? Temos dos piores crescimentos económicos da União Europeia, não fizemos nenhuma reforma, não construímos uma estratégia de crescimento sustentado, degradou-se a taxa de poupança, agravámos o endividamento das famílias e atingimos a carga fiscal mais alta da história do país”, enumerou o líder social-democrata.
Com este quadro montado sobre aquilo que foi, para Rui Rio, os quatro anos de governação socialista sob António Costa, o líder social democrata afirmou ainda que, face à realidade “a conversa de que acabou a austeridade é uma imagem de marketing. Não acabaram com ela. Transferiram-na de um lado para o outro”.
Orçamento para as eleições
Quanto ao Orçamento de Estado, Rui Rio afirma que é um engano e que “não tem nada a ver com o que o país precisa”, mas sim com o que o “PS precisa para tentar chegar a uma posição confortável em Outubro de 2019″.
“Todos conhecemos a expressão bodo aos pobres. Este Orçamento do Estado é um bodo aos pobres e aos ricos, a todos aqueles que têm um voto para dar nas próximas eleições europeias e legislativas”, afirmou Rui Rio durante o congresso.
No final da sua intervenção nos Açores, Rui Rio ainda falou sobre Tancos para afirmar que foi posta em causa “uma função de soberania”.
“O que nós temos de pedir é que a investigação ande o mais depressa possível. É muito mau para o país que isto continue assim“, afirmou.
Eleições Brasil
Já depois do congresso, Rui Rio comentou ainda as eleições no Brasil, definindo como “gravíssima” a situação que o país enfrenta.
“Espero que, independentemente do resultado eleitoral, o Brasil consiga encontrar um novo rumo”, afirmou Rui Rio acrescentando ainda que os problemas do “país-irmão” resultaram “acima de tudo, de erros cometidos” pelo próprio país, “até pelas forças democráticas, particularmente o PT”.
Fonte: ZAP