Rui Farinha / Lusa
O Conselho Nacional do PSD aprovou esta quinta-feira a moção de confiança à Comissão Política Nacional liderada por Rui Rio, com 75 votos a favor, 50 contra e um nulo. O líder social-democrata afirmou que “agora é preciso alguma paz”, desejando que “remem todos no mesmo sentido”.
Quase dez horas depois do início do Conselho Nacional extraordinário, no Palácio Hotel, no Porto, Rui Rio viu aprovada a moção de confiança à sua Comissão Política Nacional com 75 votos a favor, 50 contra e um nulo, segundo fonte oficial social-democrata.
Votaram 126 conselheiros nacionais, o que totaliza uma aprovação da moção da confiança por cerca de 60% dos votos.
O presidente do PSD resiste assim à contestação da oposição interna e reforça a liderança conseguindo mais seis pontos percentuais do que tinha alcançado nas eleições diretas, há um ano, frente a Pedro Santana Lopes (54%).
O Conselho Nacional do PSD reuniu-se esta quinta-feira, cerca das 17:40, para debater e votar uma moção de confiança política à direção, apresentada pelo presidente do partido, Rui Rio, depois de Luís Montenegro ter desafiado o líder a convocar diretas.
Rio rejeitou o repto de antecipar as eleições – completou no domingo metade do seu mandato, um ano – mas pediu ao órgão máximo do partido entre Congressos que renovasse a confiança na sua Comissão Política Nacional.
“O PS pode perder as próximas eleições”
À saída do Conselho Nacional, o presidente do PSD disse esperar agora que “remem todos no mesmo sentido”, considerando ser possível recuperar e vencer as próximas eleições.
“Neste momento, já é claro que o PS pode perder as próximas eleições, o que ainda não é claro é que o PSD as possa ganhar. Isso é o que nós temos que fazer, é essa a tarefa que temos pela frente. Metade está feita, o PS pode perder, agora nós temos que construir a possibilidade de a ganhar. E espero que a partir de agora remem todos no mesmo sentido para ver se o PSD recupera”, afirmou.
Para Rio, este resultado deixa-o mais legitimado para prosseguir “o caminho de construir uma alternativa ao governo PS”: “Eu legitimidade para liderar o partido tive sempre porque ganhei as diretas, agora naturalmente face a este tumulto que houve recentemente, este resultado é um resultado importante, porque é um resultado um pouco superior, apesar de tudo, àquele que tive nas diretas. Eu tive cerca de 55% e agora cerca de 60%, portanto, é naturalmente uma ajuda”, sublinhou o líder social-democrata.
“Mas, acima de tudo o que era preciso é que agora houvesse uma paz no partido para que nós pudéssemos fazer o papel que nos compete de construir uma alternativa ao governo do PS”, reiterou.
O presidente do PSD revelou ainda que decidiu manter a estratégia, lembrando que fazer oposição em cima de eleições é “um pouco diferente”. Questionado sobre se espera que Luís Montenegro esteja ao seu lado nas eleições que se avizinham, Rui Rio defendeu que “não pode pedir isso”, pede apenas que o deixem trabalhar.
“Quem não quiser, quem não se sentir completamente à vontade, tem essa liberdade. Eu não posso pedir. Agora o que eu posso pedir é que as pessoas deixem fazer o trabalho com alguma tranquilidade e não haja permanente ruído como tem havido porque, assim, naturalmente não é possível. Eu penso que este Conselho Nacional e esta moção de confiança para esse feito é clarificadora e, portanto, é isso que agora eu espero que aconteça”, declarou.
Voto secreto decidido de braço no ar
A votação da moção de confiança ocorreu por voto secreto, tal como tinham pedido através de requerimento os apoiantes de Montenegro. Rio apelou para que a votação fosse feita nesse sentido. O Conselho Nacional do PSD decidiu, de braço no ar e por larga maioria, que a moção de confiança seria então decidida por voto secreto.
O Conselho Nacional contou com 75 inscrições de figuras do partido para falar no Conselho Nacional. Depois do discurso de abertura de Rui Rio, cada uma das figuras teve direito a cinco minutos de palco.
Durante o Conselho, Luís Filipe Menezes, antigo líder do partido demonstrou apoio a Rio, defendendo que o tempo é de cerrar fileiras em volta do líder e “tirar-lhe do lado alguns maus amigos”. “A Ferreira Leite quando vai à televisão, pretensamente ajudar Rui Rio, não vai. Vai atacar Pedro Passos Coelho, não vai ajudar Rui Rio”, disse em declarações aos jornalistas na pausa para jantar do Conselho.
Em sentido inverso, ex-líder parlamentar do PSD Hugo Soares acusou Rio de atacar de forma “inusitada e despropositada” Montenegro, lamentando que o líder do PSD tenha “mais força” a criticar militantes sociais-democratas do que o primeiro-ministro.
“Mais uma vez, o doutor Rui Rio deixou de falar para o PS e ataca de uma forma – confesso que estou a medir as palavras – inusitada e despropositada um dos melhores quadros que o PSD tem, que é Luís Montenegro”, lamentou também na pausa para o jantar.
Fonte: ZAP