António Saraiva, presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal
O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, considerou que é “perfeitamente razoável” que o salário mínimo nacional (SMN) alcance os 700 euros durante a próxima legislatura.
“Parece-me tão razoável como pode parecer outro qualquer… Cem euros durante a legislatura? Parece-me perfeitamente razoável, mas não estou com isto a amarrar a minha organização a que assim seja”, começou por dizer António Saraiva, em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, este domingo publicada.
Explicando depois: “Eventualmente até podemos ser surpreendidos. Se a Economia o permitir até seria desejável que pudesse ser mais”, afirmou.
Já na semana passada, Pires de Lima, antigo ministro da Economia de Pedro Passos Coelho, defendeu que há margem para uma subida do SMN, considerando que “o Governo do PS é pouco ambicioso do ponto de vista económico”.
“Não faz sentido que as empresas vivam permanentemente na justificação de que só são competitivas pagando salários muito baixos. Como é que se consegue viver com 600 euros?”, questionou, em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1.
“É mandatório que as empresas tenham boas equipas de gestão, que essas equipas se foquem com os seus trabalhadores em propostas de valor que criem riqueza e que desse esforço de criação de riqueza resultem práticas salariais mais dignas para as pessoas”.
Ministro da Economia tem “peso político”
Na mesma entrevista, António Saraiva considerou que o ministro da Economia, promovido a ministro de Estado para a próxima legislatura, tem peso político. “[Siza Vieira] tem peso político (…) tem todas as condições para continuar a desenvolver nesta legislatura as políticas públicas que coloquem a Economia em sobreposição de outras pastas”.
Até então, o governante mostrou ser “a pessoa indicada, não só pela experiência que já traz da missão de crescimento que coordenou, pelas provas que já deu na anterior legislatura, pelos conhecimentos que tem, pela relação que tem estabelecido com todos nós, empresários, associações, enfim, o mundo real da Economia”, acrescentou, dizendo ainda esperar que o ministro da Economia tenha mais peso em na concertação social.
Ainda sobre a composição do novo Governo, que Costa apresentou na semana passada ao Presidente da República, o presidente da CIP confessa-se surpreendido com a escolha de Ana Mendes Godinho para Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
“Não posso dizer se é agradável ou se é desagradável. É surpresa porque não era expectável que fosse a anterior secretária de Estado do Turismo a ocupar esta pasta”.
“O seu currículo de facto aponta nesse sentido, é um quadro superior do ministério do Trabalho. Também não vou discutir a sua competência. Vamos esperar. Muitas vezes o cargo faz as pessoas. E a pessoa umas vezes transcende-se, outras vezes fica aquém dessas expectativas. Vamos dar o benefício da dúvida porque como eu tenho dito, e entre os parceiros sociais não sou apenas eu a dizê-lo, o que importa são as políticas, os objetivos que o ministério traça, mais do que a pessoa que comanda o ministério”.
A deputada bloquista Mariana Mortágua revelou também preocupações com o nome escolhido para o Ministério do Trabalho: “Preocupa-me um nome: o da Ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho”, disse, em entrevista à rádio Observador.
“Preocupa-me por um conjunto de posições que teve enquanto secretária de Estado do Turismo e por ser autora de algumas frases polémicas, dizendo, por exemplo, a empresas chinesas para fazerem de nós cobaias. São posições questionáveis quando se tem um cargo de promoção de investimento ou do Turismo porque essa é a mesma lógica que esteve por trás dos vistos gold”, justificou.
Fonte: ZAP