O Alzheimer é a forma mais comum de demência no mundo, afetando milhões de pessoas e trazendo um impacto crescente para famílias, sistemas de saúde e economia global.
Trata-se de uma doença neurodegenerativa complexa, marcada pelo acúmulo de placas de beta-amiloide, emaranhados de proteína tau e processos inflamatórios no cérebro que levam à perda progressiva de neurônios, especialmente em áreas ligadas à memória e cognição.
Apesar do avanço dos exames de imagem e biomarcadores que permitem identificar precocemente a doença, os tratamentos disponíveis atualmente, como os inibidores da colinesterase e a memantina, oferecem apenas alívio sintomático, sem modificar a progressão do quadro.
A promessa das células-tronco
Entre as abordagens mais estudadas está a terapia com células-tronco. O novo estudo publicado na Ciência Latina, assinado pelo neurocientista Dr. Fabiano de Abreu Agrela e pelo ortopedista Dr. Luiz Felipe Carvalho, revisa os avanços recentes sobre o tema.
De acordo com os autores, as células-tronco possuem propriedades únicas: capacidade de autorrenovação, diferenciação em diversos tipos celulares e potencial de liberar fatores bioativos que reduzem inflamação e favorecem a plasticidade sináptica.
“O objetivo, no caso do Alzheimer, é proteger os neurônios remanescentes, estimular a formação de novas conexões e, em teoria, até substituir células perdidas”, destaca o Dr. Luiz Felipe Carvalho.
Evidências científicas crescentes
A revisão analisou estudos publicados entre 2019 e 2025 e identificou resultados animadores em modelos animais, nos quais a terapia foi capaz de reduzir alterações típicas da doença e melhorar funções cognitivas. Em ensaios clínicos iniciais com seres humanos, os dados apontam para segurança e tolerabilidade do procedimento, além de indícios de melhora clínica em alguns pacientes.
“Há sinais consistentes de que estamos diante de um caminho viável. Mas ainda precisamos de estudos robustos, especialmente de fase III, para comprovar a eficácia e estabelecer protocolos padronizados de aplicação”, reforça o Dr. Fabiano de Abreu.
Para o ortopedista Dr. Luiz Felipe Carvalho, que tem experiência em terapias regenerativas, a área precisa integrar saberes clínicos, cirúrgicos e científicos.
“O potencial é enorme, mas o desafio está em transformar resultados de laboratório em soluções práticas, seguras e acessíveis para os pacientes”, afirma.


