O dispositivo que foi lançado ao mar em outubro com o objetivo de limpar o lixo que está no oceano Pacífico está muito aquém das expetativas, segundo a The Ocean Cleanup, a organização responsável.
A Ocean Cleanup System 001, uma barreira flutuante em forma de U com 610 metros de comprimento e uma espécie de saia com 3 metros pendurada, que fica por baixo de água, não está a conseguir reter o plástico.
O objetivo da organização era limpar metade das 80 mil toneladas de plástico – num local designado como a Grande Ilha de Lixo do Pacífico – em cinco anos, mas a barreira flutuante está a perder o lixo. A organização tinha dito, em setembro, que esperava recolher 50 toneladas de plástico por ano, mas esta semana explicou que o sistema concentra o plástico, mas não consegue segurá-lo.
“A única maneira de saber realmente como o sistema funcionaria era colocá-lo no ambiente para o qual foi projetado”, disseram os responsáveis, citados pela CNN. Agora, a organização está a trabalhar para identificar o problema e uma das causas pode ser a pouca velocidade a que o Ocean Cleanup se move.
“Parece que, de vez em quando, o sistema anda mais devagar que o plástico, o que pode ser a causa para o lixo voltar a sair”, explicaram. Além disso, cria ondas à sua passagem e, talvez, isso impeça o plástico de entrar através da parte frontal.
O projeto foi criado por Boyan Slat, um jovem de 20 anos. Quando Boyan começou a estudar engenharia aeroespacial, na Universidade de Delft, levav a ideia de limpar os oceanos. Criou a fundação The Ocean Cleanup, “A Limpeza do Oceano”, e explicou no TEDx o seu conceito de como os oceanos poderiam ser limpos.
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Seis meses depois de entrar na faculdade, Boyan decidiu interromper o curso para tentar tornar o seu projeto uma realidade. Todo o dinheiro que tinha eram 200 euros. Os meses seguintes foram usados à procura de patrocínios. Boyan recorreu a uma plataforma de crowdfunding, onde recolheu 60 mil euros em 15 dias.
Alguns ambientalistas criticaram o projeto antes de ele começar, dizendo que lançar um dispositivo com aquela envergadura acabaria por criar um ambiente próprio e que a vida marinha se desenvolveria sobre e sob o mesmo.
As ilhas de lixo no mar são formadas pela rotação de correntes dos oceanos, que puxam os detritos para um único local. Existem várias ilhas destas, incluindo duas no oceano Pacífico. A ilha que estão a tentar limpar tem 1,8 mil milhões de peças de plástico que pesam 80 mil toneladas.