Um estudo recente liderado pelo neurocientista pós-PhD Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, da Califórnia University FCE, em Portugal, investigou a prevalência de traços autistas em indivíduos com alto QI (QI acima de 130), particularmente em membros de sociedades que exigem pontuação no percentil 98 ou superior para admissão. A pesquisa foi conduzida em colaboração com Flávio Henrique dos Santos Nascimento, bacharel em medicina; Gizela Silva, mestre em psicologia educacional; Hitty-Ko Kamimura, bacharel em farmácia; e Luiza Oliveira Zappalá, estudante de medicina. O estudo foi publicado na revista “Ciencia Latina Revista Científica Multidisciplinar”.
A pesquisa incluiu entrevistas com representantes de sociedades de alto QI, como Intertel, Infinity International Society (IIS), ePiq e ISI Society, e uma pesquisa com membros do grupo “Gifted Debate”, composto por indivíduos de alto QI de diversas nacionalidades. Os resultados revelaram que, embora os indivíduos autistas sejam uma minoria nessas sociedades, eles são notavelmente ativos nas redes sociais.
O estudo identificou duas razões principais para a presença significativa de autistas com alto QI: a busca ativa por diagnósticos de autismo, que frequentemente incluem testes de QI, e a procura por inclusão em sociedades de alto QI como forma de socialização e integração, seja por iniciativa da família ou por decisão própria, visando terapia e autoconhecimento.
Além disso, a pesquisa descobriu que muitos indivíduos potencialmente elegíveis para um diagnóstico de alto QI optam por não fazer o teste devido à ausência de necessidades cognitivas percebidas ou ao custo dos testes. Os autores também enfatizam a necessidade de mais profissionais devidamente treinados para realizar avaliações neuropsicológicas abrangentes e sugerem que as sociedades de alto QI adotem práticas mais rigorosas para incentivar avaliações completas, como a implementação de testes semelhantes ao DWRI, que poderiam fornecer diagnósticos mais precisos.
O estudo também revelou uma sub-representação de mulheres nessas sociedades, indicando barreiras de gênero na realização de testes de QI. Além disso, a pesquisa discute a sobreposição entre as regiões do cérebro envolvidas nas habilidades medidas em testes de QI e áreas que mostram compensação neural em indivíduos autistas, destacando que os testes de QI convencionais não abrangem aspectos como inteligência emocional, social e criativa.
Em suma, este estudo lança luz sobre a complexa relação entre autismo e alto QI, desafiando estereótipos e incentivando um diálogo mais informado e práticas inclusivas em sociedades de alto QI.