Uma equipa de cientistas descobriu uma super-colónia de pinguins-de-adélia (Pygoscelis adeliae) com mais de 1,5 milhões de espécimes nas remotas Ilhas Danger, no ponto mais a norte da península da Antártida.
A nova investigação, que foi apresentada no passado dia 11 de dezembro num encontro da União de Geofísica dos Estados Unidos, descobriu que a enorme colónia permaneceu escondida da vista humana durante 2.800 anos, aponta o portal Live Science.
Em março passado, os cientistas davam já conta da descoberta através de um artigo publicado na revista Scientific Reports, notando que a população era muito maior do que imaginavam. Agora, descobriram outro dado curioso: a população escondeu-se durante anos dos olhos do Homem.
A colónia foi descoberta graças a imagens de satélite, nas quais os cientistas detetaram manchas de fezes destas aves. De acordo com os relatos dos média internacionais, os cientistas tinham como objetivo de conduzir pesquisas sobre esta espécie e, para isso, decidiram recorrer a imagens de satélite capturadas do continente.
As imagens foram capturadas do programa de satélites Landsat, uma iniciativa da agência espacial americana em parceria com os Serviços Geológicos dos Estados Unidos (USGS), lançada no início dos 1970 e em curso até aos dias de hoje.
“Achávamos que sabíamos onde estavam todas as colónias”, disse Heather Lynch, ecologistas da Universidade norte-americana Stony Brook.
A pesquisa contou com a colaboração de cientistas da NASA que desenvolveram um algoritmo de deteção automática, que se revelou crucial para evidenciar que as Ilhas Danger estavam cobertas de excrementos. Os cientistas ficaram surpresos com a descoberta, nota a BBC.
Os cientistas explicaram que este conjunto de ilhas é de difícil acesso, uma vez que está “quase sempre coberto por uma camada de gelo marinho que impede os censos regulares que são realizados na área”.
Apesar das dificuldades, os cientistas viajaram até ao local, onde contaram com a ajuda de drones para mapear a população dos pinguins nunca antes descrita. Segundo o ecologista, esta área “é tão pequena que, na maioria dos mapas da Antártida, nem aparece”, contudo, disse, neste local vivem mais exemplares desta espécie do que em todo o continente.
Apesar de os 1,5 milhões ser um número bastante expressivo, os cientistas acreditam que a presença dos pinguins-de-adélia foi muito mais expressiva no passando, tendo vindo a diminuir nas últimas décadas devido às alterações climáticas.
“Agora que descobrimos este ‘ponto quente’ de abundância de pinguins-de-adélia nas ilhas de Danger, queremos ser capazes de protegê-los, o que significa tentar entender por que mas populações podem ter mudado”, disse Lynch.
Peter Fretwell, da equipa britânica de investigação na Antártida, realçou ainda a importância de aliar as novas tecnologias à exploração destes locais de acesso remoto.
“Satélites modernos são ferramentas fantásticas para explorar e estudar estes locais de difícil acesso. Tenho certeza que muitas outras descobertas serão feitas usando estes nossos ‘olhos no céu’”, concluiu.