Uma equipa de cientistas na China e EUA apresentou uma série de cálculos e cenários numa pré-publicação de um artigo divulgado na última segunda-feira. O trabalho falava de Portugal (entre outros 29 países).
Com uma intervenção de saúde pública activa em Portugal a partir de 17 de Março, o investigador Momiao Xiong diz-nos que o pico seria a 23 de Março com o registo de 205 novos casos confirmados nesse dia, o controlo do surto poderia ser uma realidade já a 5 de Maio e, no final de 65 dias de epidemia, quando contaríamos um total de 2655 casos de covid-19 no país.
“Avaliando o efeito da intervenção de saúde pública na trajectória da disseminação global de covid-19”, é o título do artigo publicado na segunda-feira na plataforma MedRxiv, que junta uma série de pré-publicações sobre a pandemia que assusta o mundo. Os autores, da Universidade de Xangai (China) e do Texas (em Houston, EUA), apresentam uma análise que pretende “ultrapassar as limitações dos modelos epidemiológicos” e que assenta num método que recorre a inteligência artificial para projectar a evolução da covid-19 no mundo. Há vários cenários condicionados a uma intervenção mais ou menos agressiva em vários países.
Os autores do artigo concluem que, a nível mundial, um atraso de quatro semanas (após 8 de Março) na adopção de medidas de protecção causaria um aumento do número total (cumulativo) de mortes de 7174 para 133.608 (usando uma média de 3,4% de taxa de mortalidade) e levava a que o controlo do surto só fosse conseguido a 22 de Agosto, em vez de 25 de Junho.
“Após a intervenção activa, o número total final previsto de casos (quando a disseminação de covid-19 terminar) no mundo seria reduzido de 3,9 milhões de casos para 211 mil, ou seja, 94,6% de potenciais casos seriam eliminados e o tempo de duração foi reduzido de 215 dias para 157 dias”, escrevem no artigo.