A Polónia iniciou esta segunda-feira (7) controlos nas fronteiras com a Alemanha e a Lituânia, numa medida de retaliação anunciada pelo primeiro-ministro Donald Tusk. A decisão surge como resposta às verificações mais rigorosas implementadas pelo novo governo alemão para travar a migração irregular, o que, segundo Tusk, gerou uma “assimetria” no controlo fronteiriço entre os dois países.
Os controlos aleatórios, com duração prevista de 30 dias, foram também estendidos à fronteira com a Lituânia — considerada por Varsóvia como a nova rota preferencial para migrantes após o reforço da barreira na fronteira com a Bielorrússia. O governo polaco anunciou que irá devolver à Lituânia os migrantes sem documentação legal.
A imigração tem sido tema central no debate político polaco e desempenhou um papel relevante na surpreendente vitória de Karol Nawrocki nas eleições presidenciais de 1 de Junho. Com o apoio popular em declínio, Tusk cedeu à pressão da oposição conservadora e da extrema-direita, endurecendo a sua política fronteiriça, enquanto decorrem negociações para uma remodelação governamental.
Na Alemanha, o chanceler Friedrich Merz enfrenta críticas semelhantes por reforçar controlos fronteiriços herdados do executivo anterior. Os Verdes, na oposição, acusam o governo de violar normas da União Europeia e de recorrer a “simbolismo político populista” que mina a coesão europeia num momento de tensão com a Rússia.
A nível económico, as medidas já geram alarme: cerca de 150 mil cidadãos polacos atravessam diariamente a fronteira para trabalhar na Alemanha, incluindo na gigafábrica da Tesla, nos arredores de Berlim. Especialistas alertam que os atrasos poderão agravar a escassez de mão-de-obra qualificada em regiões como Brandemburgo, com impacto directo na indústria alemã.