O relatório final da comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi aprovado por unanimidade. É a primeira vez que todos os partidos se juntam, no mesmo lado da barricada, num inquérito à banca.
Os deputados aprovaram o relatório às 21:20 horas, depois de quase oito horas de debate e votações, incluindo duas horas à porta fechada. Mas alguns dos momentos da reunião acabaram por ser transmitidos, indevidamente, pelo canal do Parlamento.
Foram, ao todo, 47 minutos de transmissão na AR TV até que alguém alertou para o facto, para espanto do deputado João Almeida, do CDS, que redigiu o relatório final da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à CGD.
Após o alerta para a transmissão, foram desligadas as câmaras e houve ordem para apagar a gravação. Mas o Jornal Económico divulga a gravação, considerando que está em causa “um tema de interesse público”.
Unanimidade inédita contra gestores, BdP e Governo de Sócrates
Para lá do momento insólito com a transmissão indevida, esta foi a primeira comissão parlamentar à banca em que o relatório final foi aprovado por unanimidade.
As principais conclusões da II Comissão de Inquérito à Recapitalização e Gestão da CGD cerram fileiras contra o Banco de Portugal, que falhou na supervisão, criticam a gestão do banco, que não foi sã nem prudente, a administração de Santos Ferreira, a falta de atenção de sucessivas tutelas e a responsabilidade política do Governo de José Sócrates no “período mais crítico de 2005-2008”.
Referem ainda que, na comissão, entre os depoentes, houve um grupo de poder que se encobriu, usando estratagemas como concertação de narrativas e falta de memória para esconder más práticas de crédito.
De fora ficou a proposta do PSD de incluir no relatório final a ideia de que houve no banco público indícios de práticas de gestão danosa.
O relatório vai ser debatido em plenário nesta sexta-feira, o último dia da legislatura, e depois enviado para a Procuradoria-Geral da República para que avalie se há matérias de relevância criminal.
Após a aprovação, o presidente da comissão de inquérito, o deputado do PSD Luís Leite Ramos, considerou que “valeu a pena” o trabalho feito ao longo dos últimos cinco meses e que a comissão chega ao fim com “sentimento de dever cumprido”.
Esta foi a terceira comissão de inquérito à CGD em apenas três anos, desde 2016. Nos últimos anos, houve ainda comissões de inquérito ao BES (2014-2015), ao Banif (2016) e ao BPP (2008-2009 e 2012).
Fonte: ZAP