Pela primeira vez, uma equipa de cientistas sequenciou todo o genoma da mini-rosa e concluiu esta espécie está muito próxima do morango e da framboesa.
Um consórcio de cientistas da França e da China publicou recentemente na Nature Genetics a primeira sequenciação a todo o genoma de uma mini-rosa, chagando à conclusão de que esta rosa está muito próxima a nível evolutivo do morango e da framboesa.
O género Rosa tem mais de 200 espécies, mas para esta sequenciação os cientistas escolheram a Rosa chinensis, ou mini-rosa. Esta rosa é originária da China e um dos grandes antepassados das variedades modernas de rosas que brotam várias vezes ao ano em todo o mundo.
Foi no século XVIII que esta rosa foi introduzida na Europa. “Esta espécie é considerada uma das espécies principais que participaram no extenso projeto de hibridização com rosas de zonas da Europa, do Mediterrâneo e do Médio Oriente”, lê-se no artigo científico.
Segundo o Público, os cientistas usaram ferramentas inovadoras para sequenciar e montar sete pares de cromossomas da rosa, e caracterizaram todos os seus 36.377 genes.
“Não foi uma tarefa fácil. Esta é uma das sequenciações e montagens mais completas do genoma de uma planta até ao momento”, diz ao jornal Mohammed Bendahmane, do Laboratório de Reprodução e Desenvolvimento de Plantas da Universidade de Lyon e coordenador do estudo. “Montámos e construímos um genoma de elevada qualidade.”
Assim, para conhecer os familiares mais próximos da rosa, a equipa comparou o genoma da flor com o de outras plantas da família Rosaceae, como o do morango, da framboesa, da maçã, da pera, do pêssego e da ameixa.
Depois de o compararem, os cientistas concluíram que o morango e a framboesa são as plantas mais próximas da rosa, enquanto que os mais afastados são a maçã e o pêssego.
Além disso, a equipa quis também perceber as razões do sucesso da domesticação das rosas modernas. Para isso, os cientistas sequenciaram genomas de espécies de rosas ancestrais e de novos híbridos. “Identificou-se a origem de genes envolvidos na definição das características mais populares na rosa moderna, como a floração múltipla que tem uma origem chinesa”, adianta Bendahmane.
Conseguiram ainda decifrar os principais genes e reconstituir as vias biossintéticas envolvidas na floração, no desenvolvimento da flor, na reprodução, na fragrância e na síntese do pigmento que está na origem da cor da rosa.
Este artigo científico “fornece uma base sólida ao desvendar mecanismos moleculares e genéticos que regem as características da rosa e da sua diversidade”. Estes novos conhecimentos podem ser úteis para o estudo de outras espécies da família Rosaceae e de outras plantas ornamentais.
Além disso, pode também ser uma grande ajuda para conceber variedades de rosas com qualidades que consigam adaptar-se às alterações climáticas, para que estas flores continuem a embelezar os nossos jardins.
Fonte: ZAP