Cientistas descobriram pegadas nos Estados Unidos que mostram que, há 11 mil anos, o ser humano caçava regularmente preguiças com quase 2,50 metros.
Uma equipa de cientistas do Reino Unido descobriu pegadas que provam que humanos antigos estiveram envolvidos num confronto mortal com uma preguiça gigante, com mais de dois metros de altura.
Foram as pegadas fossilizadas nas salinas do Monumento Nacional de White Sands, nos Estados Unidos, que revelaram que os humanos perseguiram uma preguiça gigante, tendo-a confrontado depois, com recurso a lanças que atiraram sobre o animal.
“A história que podemos ler das pegadas é que os humanos estavam a seguir as pegadas, precisamente no encalce da preguiça”, disse Matthew Bennett, um dos cientistas que participou na descoberta, publicada na edição desta semana da Science Advances.
Este estudo prova a perseguição qu ser humano pré-histórico fazia a estes gigantescos adversários. As preguiças gigantes viveram até há cerca de 11 mil anos, sendo que a maioria dos cientistas acredita que foi a caça excessiva que acabou por levar à sua extinção, sendo um dos alvos prediletos de caça da espécie humana.
Bennett, professor de ciências ambientais e geográficas da Universidade de Bournemouth, no Sul de Inglaterra, explicou, citado pelo Público, que “enquanto alguém se ocupava por distrair a presa com algumas manobras, outra pessoa enfrentava o animal e tentava dar o golpe fatal”. “É uma história interessante e está tudo escrito nas pegadas“, comentou.
Os investigadores identificaram, no Monumento Nacional de White Sands, aquilo que é conhecido como “círculos de agitação” que mostram que a preguiça se terá levantando e apoiado apenas nas suas patas traseiras, equilibrando-se com o balanço das patas dianteiras, numa atitude defensiva.
Mas além de rastos humanos, há mais pistas encontradas em lugares mais distantes que permitiram aos cientistas concluir que os humanos trabalharam sempre em grupo, com uma equipa que distraía e desorientava o animal.
Os círculos de agitação estão associados à presença de pegadas humanas. Aliás, onde há pegadas humanas, as pistas de preguiça mostram evasão, com súbitas mudanças de direção.
As pegadas foram preservadas graças às novas técnicas de modelação tridimensional. O processo, desenvolvido por Bennett, consiste em recorrer a uma câmara digital para fotografar a pegada de 22 ângulos diferentes, permitindo depois que um algoritmo construa uma renderização 3D ultraprecisa da pegada.
“Esta prova mostra-nos, pela primeira vez, como os seres humanos podem ter lidado com uma destas grandes feras e o facto de isto estar a ser feito de forma rotineira é importante”, disse Bennett, acrescentando que “obter dois conjuntos de pegadas fósseis que interagem e que, assim, mostram a ecologia comportamental é muito, muito raro”.
No entanto, a questão que se põe quando se associa um ser humano a uma preguiça gigante relaciona-se com o perigo. Citado pela Sábado, o investigador admite que a luta com um animal destes vem, claramente, associada a “doses de risco“.
No entanto, “com isto poderemos começar a perceber o porquê dos ataques e como os faziam”. “Isso dá-nos uma melhor perceção se nós, humanos, temos o papel de culpados ou não na questão de extinção de espécies.”
Fonte: ZAP