Embora os trabalhadores tenham votado a sua continuidade, Fernando Gonçalves pediu a demissão da liderança da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa.
A instabilidade regressou à Autoeuropa. Desta vez, o motivo é a demissão do presidente da Comissão de Trabalhadores, Fernando Gonçalves, que justificou a sua saída com um “sentimento de contestação à pessoa de presidente”.
Segundo o Jornal i, o referendo da passada quarta-feira resultou em 57% dos votos a favor da CT, enquanto 38% dos votos defendeu a sua saída. Ainda assim, Fernando Gonçalves admitiu que “após análise mais profunda e detalhada dos resultados é visível que continua a existir um sentimento de contestação a esta Comissão de Trabalhadores, com principal foco na pessoa do seu coordenador”.
Para a CT ser destituída, era obrigatório que dois terços dos trabalhadores votem, bastando depois uma maioria simples para determinar a saída dos atuais representantes laborais, com estas duas condições a não se verificarem.
“Eu analisei os resultados e entendi que a contestação estava muito centrada na minha pessoa. Entendi, por isso, que deveria apresentar a minha demissão para que a comissão possa eleger uma nova comissão executiva e um novo coordenador para que possam ser iniciadas as negociações do horário pós-agosto”, esclarece ao Dinheiro Vivo.
O lugar de Fernando Gonçalves será agora ocupado pelo primeiro suplente da lista vencedora das eleições para o órgão que representa os trabalhadores.
As negociações para um novo acordo para o trabalho em laboração contínua, a partir de agosto, poderia fazer tremer as relações entre os trabalhadores. Aliás, segundo o semanário Sol, um grupo de trabalhadores não confiava na entidade liderada pelo então presidente demissionário, chegando a desconfiar do acordo que seria alcançado para os trabalhos ao domingo.
A Comissão admitiu que queria uma compensação justa para os trabalhadores em questão, um argumento que não convenceu esse mesmo grupo, que considerou que a CT iria “impor o domingo como quiserem se for mantida a CT da forma que está“.
E agora?
“No início da próxima semana a CT irá reunir-se e irá escolher a comissão executiva e o coordenador. Só depois desta decisão é que irão ser iniciadas as negociações do horário da fábrica após as férias de agosto”, explica Fernando Gonçalves.
As negociações para os novos horários da Autoeuropa deverão arrancar no final da próxima semana. Depois de agosto, prevê-se que a fábrica de Palmela passe a funcionar com 19 turnos de produção: laboração contínua de segunda a sexta, com 15 turnos; e dois turnos ao sábado e domingo.
A Autoeuropa pretende assim produzir 240 mil carros até ao final de 2018. Boa parte desta produção deve-se ao modelo T-Roc, o primeiro veículo de larga escala a ser montado em Palmela.
Fonte: ZAP