Durante as épocas frias e húmidas do inverno muitas vezes aparecem fungos e mofos nas nossas casas. Embora seja frequente e considerado normal a maioria das pessoas não sabe o perigo que eles escondem.
A ciência desempenhou um importante papel na sua classificação e estudo.
Os fungos são organismos eucariontes diversos e complexos, o que os levaram a adquirir um reino só para eles, além dos reinos das plantas, dos animais, das bactérias e dos protozoários. O avanço da genética molecular, ao longo do século XX, possibilitou a inclusão da análise do DNA e de análises filogenéticas na taxonomia, deixando de ser baseada somente na morfologia, o que sustenta até hoje o reino Fungi.
O termo mofo ou bolor é utilizado para a característica que alguns fungos têm em apresentar a textura de poeira e diferentes colorações quando estão se reproduzindo. Processo que envolve a libertação de muitos esporos e metabólitos secundários, também conhecidos como micotoxinas. No entanto, essas micotoxinas podem fornecer benefícios adaptativos aos fungos, do ponto de vista fisiológico, e o ser humano aprendeu a utilizá-las para benefício próprio e de grande poder econômico nos setores farmacêutico, alimentício e da indústria química.
Porém, a maioria dos mofos são patógenos oportunistas, amplamente dispersos em ambientes internos e domésticos, cuja liberação de seus esporos desencadeiam processos alérgicos ou agravam alergias respiratórias (asma, rinite, sinusite). Os principais e frequentes sintomas da alergia ao mofo são: espirros, congestão e coriza nasal, tosse, coceira na garganta, irritação nos olhos e chiado no peito.
Além da questão alérgica, vale ressaltar que a toxicidade dos mofos leva a uma resposta inflamatória crónica e até a uma reação autoimune, já que o indivíduo não consegue eliminar essas biotoxinas e acabam se acumulando no corpo, levando a um tratamento prolongado. As reações são as mais variadas como dores de cabeça, cansaço repentino, dores musculares, tosse crônica, problemas visuais. Além de estarem associadas a sintomas psiquiátricos como ansiedade e depressão, através de problemas de atenção, insónia, falta de clareza mental e perda de memória.
Estes problemas são particularmente graves quando os mofos estão concentrados em ambientes onde as crianças passam muitas horas como as escolas e infantários. Infelizmente existem ainda muitos edifícios onde funcionam estabelecimentos de ensino no concelho em que este problema está presente.
Em Bairros, os pais já comunicaram com a câmara e não obtiveram resposta. Foi-lhes dito que iam averiguar mas passado semanas o problema persiste e nada foi feito. Os encarregados de educação queixam-se que os filhos estão constantemente com tosses e alergias e não duvidam que está relacionado com a questão. Os mesmos prometem não desistir!
*Este conteúdo teve a avaliação de dois profissionais, o autor do texto graduado em Biologia e neurociências e Dalila G. Suterio, bióloga e mestre em infeciologia.