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O economista Daniel Bessa
Daniel Bessa, antigo ministro da Economia de António Guterres, alerta que as contas públicas estão “por arames”, considerando que Mário Centeno, que lidera a pasta das Finanças no atual Executivo socialista, não fará parte de um futuro Governo para não “gerir a consequências da política que tem sido seguida”.
“Há aspetos da verdade que não podem deixar de vir ao de cima. O Diabo não chegou, e ainda bem bem, mas isto está por arames”, considerou Daniel Bessa de forma perentória em entrevista ao jornal Observador nesta segunda-feira divulgada.
“As contas públicas estão por arames. Estão melhor do que estavam há 10 anos, mas o que está por arames é o sucesso, os 0,2% de défice, isso está por arames”, sustenta.
De acordo com o economista, Mário Centeno não fará parte do próximo Governo de António Costa “para não ter de gerir as consequências da política que tem sido seguida”. “Nos primeiros anos não investiram nada e agora anunciam investimento em tudo e mais alguma coisa — parece que é a promover, de alguma forma, o ministro das infraestruturas [Pedro Marques]. Não vai haver dinheiro para esses investimentos todo”, alerta.
“Haverá para alguns, dependendo das prioridades: se continuarem a meter o dinheiro nos salários e nas pensões, não haverá para o investimento. Mas Mário Centeno sabe perfeitamente que o ministro das Finanças que vier a seguir vai ter muitos problemas herdados da gestão que foi feita nesta legislatura”, atira Daniel Bessa.
Daniel Bessa vaticina que no “dia em que for preciso meter os funcionários públicos a funcionar com as 35 horas, no dia em que for preciso pagar aos fornecedores, no dia em que se tenham de fazer os investimentos que o país exige… aí vamos ter aqui grandes problemas de finanças públicas”.
Em declarações o Observador, o antigo ministro não esconde o apreço que tem pelo antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, revelando ter com este uma relação de “enorme consideração”. “Sinceramente, eu acho que se Portugal fosse um país um bocadinho mais equilibrado, Pedro Passos Coelho não estaria só a dar aulas aqui em Lisboa. Seria aproveitado”, afirma Daniel Bessa.
Quanto a um possível regresso de Passos Coelho à cena política, o antigo ministro das Finanças não descarta a possibilidade, mas diz não saber se o antigo primeiro ministro estará disposto a fazê-lo: “Acho que pode. Não sei se quererá. Passos Coelho é muito novo. Mas sinceramente não sei se quererá”.
Centeno, o “coveiro” de Portugal
Também Manuela Moura Guedes, muito em linha com o que defende Daniel Bessa, afirmou, no seu habitual espaço de comentário na SIC, que a situação que o país não vive não é igual àquela que os políticos querem vender.
“O país não corresponde aquilo que os políticos querem vender. Aliás, acho que Centeno, ao contrário daquilo que as pessoas fazem vender, é o coveiro de Portugal. Eu acho que se vai provar que Centeno está a fundar Portugal”, disse.
“A carga fiscal foi a maior e é, neste momento, a maior de sempre. O PIB per capita desceu 3 posições entre 2015 e 2017. É a 15.ª [posição] entre os países da zona Euro. O poder de compra em Portugal também está em antepenúltimo da zona Euro”, exemplificou, dando conta que os país não é uma “maravilha”, tal como faz passar António Costa.
Fonte: ZAP